Poemas : 

Isto

 
Deixei de ser cego
E tudo ver
Quando nada vi
Por nada haver,

Quando percebi
Que o que existe
É, e não é
O que desejo e quero,

Quando entendi
Que se houvesse
Paraísos, cidadelas,
Eterna messe

Mataria o que existe
Pelo preço de quimeras,
Por vãs promessas
Onde tudo pereceria,

Pois tudo
Só nos é tudo
Porque detrás
De todo o manto

Só há o breu
Do nada e do escuro,
O silêncio cerrado
E o espanto

Que entretecem
O meu canto
E me subtraem
A luz, o Deus e o encanto,

Pois estar na luz
Em iluminação
É poder ver
Na escuridão.

Deixei de ser cego
Ao compreender
Que por detrás
De tudo o que existe,

De tudo que nasce,
Vive, morre
E se refaz,
Nada resiste

E é por isso
Que tudo o que existe
Não é o caos ou o que creio,
Mas ordenado e perfeito,

Jogo, dado
A erigir
O fado e a beleza
Dos Senhores de areia,

Tudo no todo
Sem centro
Ou aranha
Apenas teia,

O fora e o dentro,
Isto que tudo
Contém
E apanha,

O que chamamos
De vontades, desígnios
Mas que não passa
De algo indistinto,

Alheio,
Por isso lindo
Como bolas
Num sorteio,

Caso contrário,
Não estaríamos aqui
E nem teria visto
Tudo o que vi.



 
Autor
Felipe Mendonça
 
Texto
Data
Leituras
845
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
26 pontos
4
4
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/08/2014 12:34  Atualizado: 18/08/2014 12:34
 Re: Isto
parabéns, Felipe.


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 19/08/2014 01:56  Atualizado: 19/08/2014 01:56
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 17960
 Re: Isto
musical e bonito. bjs e obrigada (sempre)