Poemas : 

QUERIA SABER O TEU NOME

 
António Casado__________ 22 Agosto 2009
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
Editora__________ WorldArtFriend
Trabalho__________


QUERIA SABER O TEU NOME
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Não sei como te chamas…

Cruzaste comigo a galáctica dos olhos…
(Foi tanta a luz que pensei ser um caminho)!
Como um cego um louco ou um amante
Na esperança de te encontrar na avenida de mim
Com débeis recortes de futuro
Construí imagens de uma vida gémea e delirante
Comentei a grandeza desse brilho hilariante
Projectado no cerne da minha ansiedade
Por um holofote de mil matizes
Tão maravilhoso quanto excêntrico
E perfumei-o de um desejo tão obsceno quanto fatal.
Os dicionários ocultaram a palavra ideal
Para descrever a púrpura de tanta beleza
Mais viva que a vida que palpitava nas veias
Da minha infantil e cruel liberdade!

Nada disse. Limitei-me a seguir o constructo do sol
Que em mil pequenas ramificações me conduziam ao teu rosto
Convicto da minha chegada intemporal.
Não me perguntem onde fica esse caminho…
Nem eu mesmo quero saber!

Não sei como te chamas…

Abracei-me aos teus lábios sorridentes
Como uma abelha defende na colmeia
A causa justa e verdadeira do pólen.
A sensualidade dos contornos macios da papoila
Transportada por Osíris para os teus lábios de amendoeira
Era mais delicada que as pétalas das roseiras
Mais fluorescentes que as abertas asas das borboletas.
Estendi os dedos na aflição de sentir
O teu sopro morno e extasiado sobre a derme
Vibrar nos meus nervos alucinados
Como se o ar expirado pelos pulmões
Fosse uma lufada de Amazónia no meu canteiro
E um breve gemido de prazer rasgasse o veludo do espaço…

Não os abracei. Limitei-me a beijá-los num sonho.
Não me perguntem o que senti…
Nem eu mesmo quero saber!

Não sei o teu nome…

Enquanto as faces psicadélicas arrancavam sombras ao breu
Passeava pelas avenidas virtuais das veias como Jonnas
No ventre de um desejo tão possuído como eu.
Soube que estavas à minha espera num jardim
Junto ao curioso mar da nossa posse transcendente
Debruçado numa janela de vento e promessas…
Quanto quis lançar-me nesses braços de perdição
Correr para ti como um átomo desintegrado
Enlaçar-te no jasmim perfumado desta paixão!
A carne fundir-se-ia numa centrifugação estranha
Expeliria o conjuro das nossas duas solidões
Ficaríamos expostos ao mundo no vitral da sedução…
O fogo seria tão intenso que me perderia em mim!
Envolto na mais vampírica labareda só queria ter-te
Transpirar com a tua pele de lua cheia
Numa dança frenética e sem fim…

Não fui. Limitei-me a ser possuído num grito.
Não me perguntem o que ansiei…
Nem eu mesmo quero saber.

Não sei o teu nome…

Quando regressei à mesma noite
Ao bar dos esconjurados do destino de hoje
À minha volta num frenesim fanático
Explodia a multidão que dançava.
Já não estavas…
Contigo levaste um pedaço deste coração apaixonado
Que vive no silêncio de um sonho mal sonhado
Mal sentido e mal vivido…
Um sonho que não pode falar!
Agora aguardo que num outro pedaço de vida
Nos possamos cruzar numa das avenidas do meu ser
Onde posso gritar ao meu ouvido: - Quero-te!
Então os meus braços entorpecidos abraçar-te-ão
O meu peito aflito abrir-se-á em lava e lume
E serei eternamente teu!


Escrito no bar gay “Haeven” e dedicado a um enigmático jovem que me impressionou



Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=277228#ixzz3BDHeVAwz

 
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