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OS GRITOS DO CANDIEIRO

 
OS GRITOS DO CANDIEIRO

Não ouço mais os gritos do candieiro,
e nunca mais, o barulho dos lenhadores,
deixei lá, longe, o meu pessegueiro,
deixei lá, o belo ninho dos beija flores.

Lembranças que estou sempre a recordar,
desde que morando nessa sinistra cidade,
para aquele ermo, nunca mais pude voltar,
e lá que até hoje, mora minha saudade.

Meu viver aqui, tão distante e deserto,
sei que nunca pude esquecer o sertão,
com esse infinito embaçado e coberto,
com essas ruas que me mostram a solidão.

Onde morou todos os meus antepassados,
sobre tudo isso sempre estou a pensar,
fizeram parte da vida, dias ensolarados,
com essas saudades, já não posso rimar.

Vou vivendo como se pagando por um crime,
com uma certeza que de onde vem não sei,
uma amargura que a alma complime,
arrependido,saudoso, do lugar que deixei.

Minha alegria de viver, foi reduzida ao pó,
troquei a natureza por um ar tão impuro,
são tristes lamentos de quem vive só,
por acreditar num promissor futuro.

Jamais pude ouvir o barulho da boiada,
não esqueci o rio limpo e seus cardumes,
que vontade de rever a linda madrugada,
e as luzes dos tão belos vagalumes.

Saudade,quando a estrela Dalva apaga,
saudade, da flor que a noite perfuma,
são lembranças que a mente embriaga,
como se separasse, das ondas a espuma.

Lembranças de noites, tranquila harmonia,
como se coberta por um suave véu,
hoje, posso falar sobre isso em poesia,
por que já não vejo estrelas no céu.

Deixei lá, os pássaros, sabiá, a jurutí,
deixei lá, a vida tranquila dos campos,
a alma chora, pelo tanto que arrependí,
nunca mais verei, as estrelas, os pirilampos....


GIL DE OLIVE

 
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gil de olive
 
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Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 30/08/2014 17:10  Atualizado: 30/08/2014 17:10
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
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Mensagens: 10200
 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO
Boa tarde Gil, seus versos enredam a grande agonia de muitos de nós que deixou a vida rural para se aventurar na cidade grande, parabéns pelo contagiante poema, um forte abraço, MJ.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/08/2014 17:22  Atualizado: 30/08/2014 17:23
 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO
Um belo canto Gil envolto num quadro rústico...que belo que deve ser viver no campo apesar de nunca viver tenho uma atracão imensa pela natureza fora da cidade...respirar um ar mais saudável fora da azáfama, do stress etc (mas a vida no campo também é dura).

Envolvente poeta e bem conseguido.
bj

Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 30/08/2014 18:03  Atualizado: 30/08/2014 18:03
Colaborador
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 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO P/gildeolive
Poema de saudade e solidão muito lembrada e vivida sempre na memória. Não há nada como a natureza no seu equiíbrio. Muito bom, gostei! Abraço. Vólena

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/08/2014 18:29  Atualizado: 30/08/2014 18:29
 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO
olá, Gil. nessas paragens estamos em harmonia com a Natureza. nunca é tarde para voltar as costas aos grandes centros urbanos. belas quadras. um abraço luso.

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 30/08/2014 19:11  Atualizado: 30/08/2014 19:11
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 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO
Gilinho,
De uma saudade e nostalgia impregnadas na alma.
Muito bonito!
BJ
Nanda

Enviado por Tópico
Liliana Jardim
Publicado: 30/08/2014 19:49  Atualizado: 30/08/2014 19:49
Usuário desde: 08/10/2007
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Mensagens: 4412
 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO
Ola poeta

A saudade a doer no peito numa construção poética bem conseguida

Beijinhos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/09/2014 10:48  Atualizado: 04/09/2014 10:48
 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO
planto das emoções que se movem pra com essa magia, que vem dos cantos vividos que não adormecem em nosso corações.

Brisa dos campos que gritam ppara os verdadeiros campos para onde as berboleta, os gafanhotos, o pássaros, as sabias, e as jurutis se faz se habitar com um intenso amar

Enviado por Tópico
Eureka
Publicado: 18/09/2014 15:52  Atualizado: 18/09/2014 15:52
Membro de honra
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Mensagens: 4297
 Re: OS GRITOS DO CANDIEIRO
Olá Gil de Olive

Uma bela saudade, da beleza maior da natureza e das melhores coisas da vida.
Muito bom seu poema Gil. Parabéns, gostei imenso.
Abraço
Eureka