Crónicas : 

Hastes de algodão surfando ao som de ringtones

 
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Afastado desde as primeiras horas, ainda havia fora, um pouco de névoa da noite longínqua, espalhada como remotos flocos de algodão doce na boca de criança gulosa. Entorpecidas pelo rodasol, moscas egípcias em turbilhões de fogo, dirigem separadas carruagens ocupadas por anjos alados, absortos, voando todos boquiabertos a partir do horizonte perdido, rumo às páginas assombradas do caderno de rascunhos do padre atônito do além.
Os resultados da renda per capita alheados não tinham muita importância para mim. Calada, a mente estava petrificada, tomada por uma espécie de impotência lânguida e dormente. Desatentas e atônitas, milhões de asas pasmadas ouviam os ringtones, insensíveis ao tato mais apurado, como a mão, cantando distraídas uma canção de ninar o frio, sob chuva torrencial, enquanto balança o berço indiferente, mas reservada.
Não demorou e soou um trovão majestoso. Parecia distante e lento sob a grama pisoteada pela tempestade, tornando-se portador de hastes flexíveis de algodão e plástico cirúrgico. Também eram conhecidas como cotonetes até que houve registro do nome como trade mark, todas de maior duração ao tremor do vento como resultado da infestação de fungos em folhas mofadas. De acordo com a insolação, bastaria instilar pequena quantidade de solução contendo substância cúprica, mas, em minha opinião, só estaria brilhante se os arbustos não fossem assim tão verdes.
Tudo bem. Você tem toda razão. Não precisa mais reclamar tanto. Reconheço a forma desconhecida da natureza, lentamente inspirado de volta à vida como ela era enfeitada com flores artificiais.












 
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FilamposKanoziro
 
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