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Poemas : 

a fome bateu-lhe à porta ruidosamente

 
Tags:  fome    pobreza    oportunismo  
 


a morte saiu à rua vestida de branco
nas asas de um albatroz de bico silente
amputado pelas guelras da meia-lua,
a fome bateu-lhe à porta ruidosamente
desceu os degraus e calara-o na rua.

subiu a calçada com a mulher prenha
e um punhado crispado de nada,
tudo parece novo dentro da sentença.
quanto mais andava mais a fome mastigava
o estômago na boca, o urdir da crença,
sem casa, sem cama, sem mesa, sem…

os anúncios luzentes feriam-lhe os olhos
- Soluções de crédito à sua medida –
- TAEG 17,6 por cento, TAN 14 por cento –
- Venda o seu ouro por um preço justo –

(Paga e não bufes filho da puta!)

largou a mão à mulher prenha
subiu ao último andar do prédio devoluto
deixou-se cair sobre o anúncio do nojo
que rege as gorduras da devassidão.
ao cair, ainda assim, berrou:

- Alimenta a mulher e o meu filho, cabrão!


Conceição Bernardino

A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.
Aristóteles

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@cartascemremetente

 
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Conceição Bernardino
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/09/2014 11:17  Atualizado: 12/09/2014 11:17
 Re: a fome bateu-lhe à porta ruidosamente
Que essa raiva nunca se cale e se faça explodir ainda com mais violência!

Enviado por Tópico
Liliana Jardim
Publicado: 13/09/2014 12:47  Atualizado: 13/09/2014 12:47
Usuário desde: 08/10/2007
Localidade: Caniço-Madeira
Mensagens: 4412
 Re: a fome bateu-lhe à porta ruidosamente
Forte e incisivo poema, á tua imagem poetisa

Bem-vinda

Beijinhos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/10/2014 11:23  Atualizado: 16/10/2014 11:23
 Re: a fome bateu-lhe à porta ruidosamente
belo como sempre -namast ibet

Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 08/11/2014 15:22  Atualizado: 08/11/2014 15:22
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: a fome bateu-lhe à porta ruidosamente
Boa tarde Conceição, quando uma nação não tem os devidos dirigentes, esta se converte em incubadora de indigentes, e os resultados serão sempre impiedosa desigualdades sociais, parabéns pelo seu contundente poema, um forte abraço, MJ.

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