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Quando morre um poeta

 
Tags:  alma    brisa    entardecer    pastor de versos  
 

"... Sem sangue pulsando calam-se os poemas
jazem inertes sem reflexos no bronze polido...”

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- Quando morre um poeta -



Quando morre um poeta,
fica no ar poesia espalhada,
impregnando câmaras ardentes.
Cérebro incendiado, crematório incomum,
pira de versos que nunca irão se espalhar.

Sem sangue pulsando calam-se os poemas!
Jazem inertes sem reflexos no bronze polido,
embrulhados em brancas túnicas,
como folhas de papel esvoaçantes
à guisa de pálidas mortalhas.

Tomem os versos
- se por ora inativos
jamais serão insensíveis.
Aguardo restarem indeléveis
ao longo de toda uma eternidade.
Carreguem meu corpo para o jazigo,
então, deixem-me só junto aos ciprestes,
enquanto solitária a alma vaga pela vastidão,
porém, parecendo sorrir à vista das estrelas.

Numa mistura de esperança e regozijo
sei que de alguma forma não me apagarei,
dissipado nas brumas do esquecimento.
Sei que um dia estarei de volta
- minha alma será pastor de versos,
apascentando tantos poemas de amor
acalentados na brisa suave do entardecer


18092014
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




1ª revisão - 18.09.2014 - 16:06 hs
 
Autor
LuizMorais
 
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Enviado por Tópico
HelderOliveira
Publicado: 18/09/2014 16:45  Atualizado: 18/09/2014 16:45
Da casa!
Usuário desde: 09/02/2014
Localidade: Angola
Mensagens: 314
 Re: Quando more um poeta
Alô Luís Morais:

"Quando morre um poeta,
fica poesia espalhada no ar..."

E fica mesmo! Quando morre um poeta sente-se no ar o ribombar dos seus versos, teimosamente a dizer que não senhor... que o poeta não morreu... que apenas foi descansar...

"Sei que um dia estarei de volta
- minha alma será pastor de versos,
apascentando tantos poemas de amor..."

E o poeta estará de volta, nos seus versos... "É a voz das multidões a chamá-lo..."
"Tu, que dormes à sombra dos cedros seculares... levanta-te!

Bela poesia, LuísMorais!
Um abraço,
Helder Oliveira

Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 18/09/2014 17:49  Atualizado: 18/09/2014 17:58
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6541
 Re: Quando morre um poeta
Um calar de voz
No universo dos versos
O poeta sucumbe
No mais gélido dos mármores.
...
Aconchegado p'la mãe Gaia
Que todo ser tem direito
Seus versos calaram
Num eterno grito
O poeta se fez eternizado.

...

Sua caligrafia ficou
Em seu corpo etéreo
Grafitada num todo
E em especial no derradeiro verso
Donde suas letras ficaram grafadas
Num existir do credo da poesia
Onde a palavra imperou.
...

Lágrimas rolaram no mundo
De suas letras-vivas
Que se espalham p'la imensidade
Na hora mais despida do ser.
...

Que é:
O fenecer esmaído
Num calar eterno
A voz que dantes
Grafitava no livro da vida
O respirar partículas
De amor e saudade

...

O poeta sucumbo minguou
Sua voz antes proferida
Numa máxima no epitáfio gravada
"que seja eternizado o meu legado"

Num grito de uma voz silenciada...
Nas notívagas d'onde a alma
Soluça seus escrito
E nunca será preterida.



Ray Nascimento