Ainda que tortas, foram essas
as máscaras que usamos.
Assimétricas e sujas faces
que envergonhados envergamos.
E tudo por nossa covardia
de não ver que a sombra e a luz
só mostram a alternância das ausências
e a intermitência do riso e do drama.
E tudo por não vermos
que secaram as acácias
em eternizadas esperas.
Agora, as roupas imitam os desejos
e sonhamos não ser
o que só podemos ser
no velho teatro chinês,
onde a fealdade do dragão
não se oculta sob as dobras da arte
que tentou em vão
alisar o cetim que houve
em algumas madrugadas.