Poemas : 

a semente santa

 


A SEMENTE SANTA
Carlos Alexandre do Nascimento
Copyright by © 2012
Alexandre Nascimento
Projeto editorial:
Wilbett Oliveira
Capa:
1ª edição
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Vila Velha, ES
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Catalogação na Publicação
Nascimento, Carlos Alexandre do
A semente santa. 1ª edição - Vila Velha, ES: Opção Editora, 2012. 96 p.
ISBN: 978-85-61513-XX-X
1. Religião. 2. Cristianismo 3. História
I Carlos Alexandre do Nascimento II. Andrade. III. Título
CDD 100
A todos os amantes da palavra de Deus, e em especial à minha família; Miriam esposa amada, e filhos; Paulo Henrique, Carlos Gustavo e Júlia Mídiã aos quais verdadeiramente amo.

Prefácio................................................................................................9
Capítulo 1 – Tombados pela desobediência.............................11
Capítulo 2 – Sobre as águas da obediência...............................13
Capítulo 3 – Herdeiros da Promessa..........................................15
Capítulo 4 – Por um prato de lentilhas......................................17
Capítulo 5 – Vindo de Juda..........................................................19Capítulo 6 – Contado com os transgressores............................21Capítulo 7 – A tenda dos justos florescerá................................23
Capítulo 8 – Participantes da linhagem real.............................25
Capítulo 9 – Tirado das ovelhas..................................................27
Capítulo 10 – A semente entre os Reis I...................................30
Capítulo 11 – A semente entre os Reis II.................................33Capítulo 12 – O golpe para o exílio............................................37
Capítulo 13 – Rompendo gerações............................................39
Capítulo 14 – O silêncio de Deus...............................................41
Capítulo 15 – O romper do silêncio pela semente..................43
Capítulo 16 – O conflito...............................................................47
Capítulo 17 – Expulso pelos seus...............................................51
Capítulo 18 – Tentações ocultas.................................................55Capítulo 19 – E por fim um amargo beijo.................................59
Capítulo 20 – Fator Pilatos...........................................................65
Capítulo 21 – O vicário no Gólgota...........................................69
Capítulo 22 – Eli, Eli, Lamá Sabactâni......................................73
Capítulo 23 – Ressureto dentre os mortos...............................77Capítulo 24 - Considerações finais............................................81A Genealogia de Jesus.....................................................................85 Referências......................................................................................91
SUMÁRIO

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PREFÁCIO
Uma queda, uma promessa e uma perseguição. A saga maligna pelos séculos dos seculos contra a semente santa a cruzar genealogias e gerações em fúrias cegas e frustrações do inimigo, onde escapes miraculosos se dão, rompendo barreiras em toda dificuldade e culturas diversas, deixando claro aos corações os desígnios e pensamentos de um agricultor amoroso, disposto a enviar sua semente fazendo-a germinar em terra seca, aplacando assim toda ofensa cometida desde os primórdios dos dias de nossa existência.
Neste livro você descobrirá o porquê de toda fúria do inimigo em impedir a vinda do messias, o escolhido das nações. E se envolverá nesta trama ao ver o triunfo da semente santa contra a semente maligna, descobrindo que todo pensamento e desejo do agricultor em ver sua semente germinar, tem seu ponto culminante como objetivo e alvo apenas... o seu coração.

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CAPÍTULO 1
TOMBADOS PELA DESOBEDIÊNCIA
E lá estávamos nós, plantados da banda do oriente do Éden Todas as nossas raízes, naquele belo e espesso tronco genealógico carregavamos toda nossa essência. Por quanto tempo gozamos de total plenitude e harmonia com o agricultor, não podemos imaginar, certo é que nossa semente foi sufocada pelo veneno do pecado e fomos enxertados de toda sorte de abrolhos, e desabrochamos de forma bizarra, cheios de espinhos e cardos, enraizados por toda terra, que daquele solo fértil esvaiu-se, tornando-se então em sequidão de estio, expondo grandes sulcos por toda a extensão do terreno.
Seria esse o fim de toda opulência desse cedro do Líbano cujo machado jaz à raiz, prestes a ouvir o estalar de sua queda? Ò agricultor! Quão duro foi o corte, estamos agora tombados, separados dos nossos mais íntimos laços da virada do dia. Dissolvidos fomos, esvaiu-se toda a sabedoria em nossa queda, que nos trouxe dor pelas feridas abertas, chagas profundas que aos nossos olhos impossíveis são de serem fechadas.
Incansavelmente o agricultor como um árduo trabalhador, ainda que molestado pelo sol da nossa desobediência e com suor de lágrimas, levanta-se ao encontro desse tronco caído, erguendo-o e plantando-o fora desse jardim de delicias. E nos vimos então expulsos de nosso lar, açoitados pelo ímpeto dos ventos e da fúria das tempestades, vestido com casacas por ele preparadas, mostrando-nos futuro sacrifício inocente. E sobre nossos lombos a seiva da cura, guardada para o tempo determinado carregávamos, ainda que nos seus sonhos germinada mesmo antes de serem abertos os sulcos pelo chão.
Enraizamos e geramos árvores frondosas de toda sorte de saborosos frutos, cujos pássaros nos galhos mais altos aguardavam ardentemente pelo fruto excelente e que fora logo colhido pela sua exuberância, por ofertar ao agricultor as primícias da sua gordura. E a primeira semente foi pisada e massacrada pela inve12
ja e pelo ciúme doentio da maldade e vimos o terror aos nossos olhos, todos os sonhos e projetos resumidos em um quadro de frustração jamais contemplado e visto no primeiro homicídio.
Como entender a mente de nossos primeiros pais diante daquele quadro tão irreversível e assustador? A semente maligna de Caim vence a semente piedosa de Abel e foge ganhando forças, construindo cidades da banda do oriente do jardim, colocando na cidade o nome de sua semente: chamada Enoque, que gerou e gerou, fortificando-se na área agrícola; trazendo estética e ordenha através de Jabal, cujo irmão Jubal fora também grande dominador da música, trazendo assim a cultura, e das raízes de Caim veio também Tubal Caim mestre em armas, poderoso dominador e conquistador pela força do aço e foram eles fortificados por terra como gigantes invencíveis.
Onde estás ó semente piedosa, como surgirás em meio gigantescas árvores, onde vingarias piedosa semente e resistirias a toda essa opulente floresta?
De nossas raízes então veio Sete e Enos e passou-se a invocar o nome do Senhor pelos sofrimentos inerentes. E foi aplacada a fúria dos grandes pássaros contra os deliciosos frutos excelentes, frutos estes que não nasceram para administrar grandes empreendimentos, mas acomodados sim a coisas humildes. Não dados a gados e estéticas, mas colhendo seus frutos do calor do dia, não como grandes sábios criadores de harmonias e melodias, pois não são muitos os sábios que foram chamados. Nem muitos os poderosos e grandes conquistadores do aço pelo aço, mas escravos deles sim, sofridos e oprimidos pelos seus algozes e verdugos. Não dando nomes as cidades, mas nomes a gerações de piedosos que não se corromperam pela semente maligna e foram imortalizados nas genealogias, cujo lugar nesta não se achou mais para a semente maligna, esquecida no rol genealógico. Mas nomes como o de Noé, que veio para consolação das obras de suas mãos calejadas de cento e vinte anos pela maldição de uma terra contaminada pelo pecado, homens piedosos carregando em seus lombos a bendita promessa de um que esmagaria a semente maligna trazendo cura para nossas feridas.
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CAPÍTULO 2:
SOBRE AS ÁGUAS DA OBEDIÊNCIA
E Noé achou graça aos olhos do viticultor por não se corromper em uma sociedade de Nefilins; povo pervertido, onde a semente maligna misturou-se com a semente piedosa enfraquecendo-a, tornando-a vulnerável, fazendo circular em suas veias o veneno de toda maldade. Bombardeando as mentes com pensamentos malignos continuamente e assim foram contaminados, tornando-se incapazes de frutificar para trazerem a promessa, derrotados nas águas do dilúvio, submergidos em toda sorte de maldades e violência, corrompendo os corações até serem dizimados. Porém o agricultor guardou, protegeu, circundou e regou a Noé que era tamim, ou seja, sem mancha, livrando-o porquê foi justo não se contaminando com maligno. E por manter-se firme como que vendo o invisível, pairou com sua família sobre as águas do dilúvio e viu sua semente piedosa ser protegida pelo porteiro das comportas celestiais, que estava sobre as muitas águas reinando com voz de trovão, assentado sobre o dilúvio como rei perpetuamente sob a abóboda da terra, dando força ao seu povo e contemplando o escape da semente santa carregar a promessa de triunfo sobre o maligno.
E por quarenta dias Noé cortou as águas da fé, confiança e experiências com aquele que verdadeiramente honra sua palavra e vela para a cumpri-la, pois ainda que não houvesse chuva ela veio, e em meio à tanta zombaria, envergonhando e constrangendo o velho Noé, tendo-o como um louco ao construir uma arca em terra seca, eles sim é que foram enlouquecidos, envergonhados e confundidos. Sendo submergidos ao esmurrarem a porta da arca, sucumbindo e vendo o bailar do grande navio de obras de fé triunfar na tormenta. Por mais de cento e vinte anos de anuncio sem ver frutos, mesmo que a esperança que tarda desfaleça o coração e quem não se desfaleceria diante de tantos anos de espera vendo apenas desertos? Mas o desejo chegado é árvore de vida, o caminho da obedi14
ência é sempre recheado de frutos saborosos de proteção familiar e providencia divina e sempre de um porto seguro, pois ele será nosso guia até a morte, um farol que ilumina em lugar escuro e que nos leva sempre a um porto desejado.
E as águas do dilúvio prevaleceram cento e cinqüenta dias sobre a terra, águas silenciosas no coração de Noé por não se ouvir mais a voz do Senhor das muitas águas, contemplando apenas o horizonte do esquecimento, até ver brilhar a lembrança do senhor das comportas que fez passar um vento sobre a terra e as águas se aquietaram por àquele que faz cessar a tormenta quando nos diz “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”.
Exalou-se então da semente piedosa ao agricultor o perfume da paciência, longaminidade, domínio proprio, e temperança, ao aguardarem por um ano inteiro para saírem da arca, até receberem a ordem para pisarem em terra seca. Quanta confiança demonstrada por Noé e longaminidade, vendo as águas baixarem e aguardar o tempo determinado do agricultor para lavrar a terra e plantar sua semente para que não fosse misturada com os cadáveres pelo chão. Contempleis ó semente o arco como sinal de um novo pacto e aliança, e regozijai-vos em uma nova dispensação.
Porém Noé plantou uma vinha embebedando-se dela e foi visto sua vergonha, como a de nossos primeiros pais. Sem dúvida a semente maligna já rondava suas tendas e Cão fora amaldiçoado por ver sua nudez e usar de desrespeito para com seu pai, tornando-se uma semente maligna e corrompida, gerando assim os cananeus inimigos terríveis do nosso povo. Sendo, pois, todos um só povo e projetando em seus corações uma edificação que engrandeceriam apenas a carne, em Babel fomos dispersos pela confusão de línguas porque os corações tornaram-se cheios de veneno maligno e intentos sem restrições. Em meio tamanha confusão Sem fora separado por honrar Noé, cobrindo sua nudez, e foi por isso abençoado, vindo então de seus lombos e raízes a Abrão, fazendo com que a semente santa mais uma vez escapasse dos ardis do maligno, tornando-se uma fugitiva e peregrina em terra estranha.
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CAPÍTULO 3
HERDEIROS DA PROMESSA
A ordem então era para Abrão sair do meio de seu povo idólatra para não se corromper após outros deuses. Ele recebeu a promessa de que de seus lombos nasceria um em que todas às famílias da terra seriam benditas nele, ou seja, em sua semente.
Mas como viria essa semente a germinar sendo Abrão um velho de setenta e cinco anos e sua mulher de ventre já amortecido e estéril? Como poderiam carregar tamanha promessa em suas fraquezas? Quanta esterilidade em meio familiar que nos traz dissabores para a alma e nos faz envolver em conflitos e temores.
Até que Abrão em meio tamanha guerra pelos seus, ao retornar de uma batalha se depara com um ser místico, sem princípio de dias e nem fim, o qual recebe daquele que detinha a promessa os dízimos dos despojos, fazendo com que Abrão delicie-se com pão e vinho, contemplando a graça divina e recebendo depois disto a ratificação de suas promessas; de que dele viria um, segundo a ordem de Melquisedeque a esmagar a cabeça da serpente.
Assim por conseguinte disse o Senhor a Abrão: “Não temas, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo Galardão. Contempla agora as estrelas e as contes se a podes contar, pois assim será tua descendência”, e creu Abrão no Senhor firmando com ele um pacto de que Abrão herdaria toda a terra e toda a benção.
Mas as aves desciam sobre o holocausto, impedindo com que o pacto fosse firmado, e Abrão às enxotava de sobre o holocausto e por não bastar pondo-se o sol, densas trevas caíram sobre ele e foi tomado então de um profundo sono, fazendo com que Abrão aos poucos se desfaleça ao se ver falhando diante daquela aliança.
Como superar tamanhas trevas e pássaros de rapinas à intentar ofuscar nossos projetos? Até quando ficaremos atordoados
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por tamanhas trevas que nos deixam no sono da indolência?
Pois já é hora de despertarmos do sono e levantarmos mãos cansadas e joelhos desconjuntados, até que possamos fazer veredas direitas para não manquejarmos mais. E mesmo com tanta perseverança vemos que em nós não há forças senão pela misericórdia e compaixão do fiel agricultor que como uma tocha de fogo incandescente passa por meio daquelas metades, enxotando de vez as aves inimigas, cumprindo sua parte no acordo, ratificando suas promessas, mudando a sorte de Abrão, trocando seu nome para Abraão, fazendo dele Pai de uma multidão, visitando também a Sara como tinha falado, fazendo-a conceber e dar a Abraão um filho na sua velhice, no tempo determinado que Deus lhe tinha dito.
E Abraão lhe chamou Isaque, porque riram desacreditando da veracidade de suas promessas por incredulidade, mas no tempo determinado lá estava Isaque, filho da promessa, prova real de toda fidelidade sobre aquele que vela pela sua palavra para a cumprir, ainda que somos infiéis e geramos ismaéis em nossas precipitações e impaciências, ele todavia permanece fiel pois não pode negar a si mesmo.
Sorria, ó minha alma pois o Senhor te tem feito muito bem, alegre-se ó estéril pois floresces-te tua tenda e fostes tirada tua vergonha ao contemplar misericórdia sobre misericórdia. Pois se tu senhor atentares para a iniquidade quem subsistirá ou quem parará diante de ti? mas contigo está o perdão para que sejas temido. E por assim ser, tomou Abraão em seus braços a promessa, contemplando-a e confessando ser um peregrino e estrangeiro em terra alheia vendo sua semente frutificar em sua tenda, sorrindo com seu Isaque do qual viria a bendita promessa, tão aguardada pelos seus futuros patrícios e também por todo o restante dos confins da terra, pois no seu nome os gentios esperarão. E não foi por isso que crestes e esperastes ó Pai Abraão e Pai da fé? receba agora seu galardão Porque crestes dando glórias a Deus, sendo-lhe isto imputado como justiça vindo a ser conhecido pelos séculos seguintes como o grande amigo de Deus.
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CAPÍTULO 4
POR UM PRATO DE LENTILHAS
Passados quarenta anos, nos deparamos com o mesmo quadro familiar: Isaque orando insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril. Rebeca filha de Betuel, mulher Laboriosa que impressionou ao retirar águas para camelos em jornada, fazendo Eliezer revelar suas joias ocultas preparadas para uma noiva pronta a ser adornada para tamanha cerimônia, ataviada de boas obras ao dizer “eu irei” àquele que tinha a incumbência da jornada, de preparar uma noiva para o filho de seu senhor.
Mas o que havia de errado nessa família que fazia com que estas mulheres não gerassem, sendo tão infrutíferas? O que estaria por detraz de tanta falta de frutos, impedindo que a semente santa viesse a se vingar? Seria porventura o sagaz podão do perseguidor ceifando todo caule até esvair-se de vez toda seiva de esperança, a frustrar todos os sonhos e projetos da bendita promessa?
Porém, a oração abre as portas de toda terra estéril fazendo-a produzir. E orou Isaque até que o Senhor ouviu suas orações e Rebeca concebeu, e os filhos já lutavam desde o ventre pela benção da primogenitura. E disse o Senhor à esta pela sua inquietude: “Duas nações há no teu ventre e dois povos se dividirão das tuas entranhas, um povo será mais forte do que o outro povo e o maior servirá ao menor”.
Como é notável ver duas sementes em conflitos desde o ventre, travando tamanha batalha; uma para trazer a promessa e outra para impedi-la de se vingar, mesmo ainda informes no ventre já travando tamanho conflito.
E cumprindo-se os dias vem Esaú, ruivo e cabeludo, com seu irmão Jacó agarrado a seu pés. Jacó, aquele que nasce com os pés colados, e imaginamos Esaú ser o detentor da promessa visto ser ele o primogênito, pois antes do estabelecimento do
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sacerdócio arônico todo aquele que abria a madre era o que tinha direito de primogenitura, ou seja, a promessa de esmagar a cabeça da serpente, por ser ele o que estava na linha de frente. E como Jacó já se dizia tudo pelo nome: de suplantador, usurpador, àquele que nasce com os pés colados, nossos olhos se voltam sem dúvidas para Esaú que por sua vez ao retornar de uma caça fora surpreendido por um prato de lentilhas em sua fome e cansaço, e assaltado por seus questionamentos vende sua benção por um guisado dizendo: “estou prestes a morrer, para que me serviria logo essa benção da primogenitura?” e desprezou Esaú tamanho privilégio concedido.
Ó mundo de lentilhas até quando venderemos por tão pouco preço um Quinhão conquistado com sacrifício de sangue? Ó agricultor; até quando há de se ver tua semente sendo pisada, desprezada e massacrada, se ela só pode morrer apenas uma só vez? E mesmo que com lágrimas mais tarde de remorso Esaú a buscasse, não achou mais lugar para si, fazendo com que a benção do maior passasse ao menor.
Isaque pois, assim estendeu sua mão e abençoou àquele que lutara pela primogenitura desde o ventre e saiu perdendo e por fim retoma para suas mãos o que todo o desejo da carne havia conquistado, e que fora vencido por prazeres efêmeros, conquistando somente o prêmio de se tornar o progenitor dos amalequitas, grandes inimigos do povo de Deus. Encolerizado agora pelo engano Esaú se lança contra seu irmão Jacó, tornando-o um fugitivo e peregrino em terra estranha, carregando nos lombos a promessa e sendo espoliado pelo vingador, que mais uma vez não atinge seus objetivos ao ver a semente escapar como águas derramadas pelo chão que não se podem mais ajuntar.
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CAPÍTULO 5
VINDO DE JUDÁ
Partindo Jacó em sua missão, se depara em sonhos com os anjos do senhor, que lhes fazem promessas dizendo que o senhor estaria com ele por onde quer que fosse e que não o abandonaria, fazendo sua semente prospera e poderosa ao ser ela multiplicada como o pó da terra, determinando com que nesta semente todas as famílias da terra seriam benditas nela.
Confirmada pois a promessa, parte a semente para o oriente em Harã e se enamora com Raquel, mulher formosa de semblante à vista, e por este tão grande amor serve Jacó por ela durante sete longos anos, que ao cabo desse dias se vê enganado por seu tio e recebe Lia como esposa por tradição. Mas o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, e mais sete são os anos de trabalho sol a sol, servidos pela amada Raquel. Trabalho este que ao coração apaixonado de Jacó, faz parecer aos seus olhos como poucos dias pelo muito com que a amava.
Porém Raquel trazia infertilidade marcando mais uma vez a história da semente que na sua trajetória vem caindo em solo não produtivo, obrigando ao agricultor intervir e obrar como nos tempos antigos trazendo fertilidade aos campos que não produzem.
Jacó então frutificou, trazendo Léia seus filhos junto com a escrava que gerara também, e por derradeiro de todos o Senhor se lembra de Raquel. E ouviu Deus sua voz abrindo-lhe sua madre, fazendo-a conceber a José, dizendo: “Tirou Deus minha vergonha”, e disse mais: “ O Senhor acrescentou-me outro filho”. Imensurável intervenção divina que nos traça caminhos de delícias abrindo-nos portas e mudando toda nossa trajetória, dando-nos vida, trazendo alegria e sentido à vida quando tudo parece ser dissolvido. Sorria Raquel, pois a
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alegria chegaste à tua tenda.
Com os olhos voltados para José, esperávamos vir dele a promessa por ter-lhe seu pai feito uma túnica de cores, ou porque seu pai o amava mais por ser filho de sua velhice, ou talvez por ser filho de Raquel a quem tanto amava e por quem serviu por quatorze longos anos. Mas a promessa veio de Judá, filho de Léia, que tinha os olhos tenros e pela qual não dávamos nada. E entendemos então que a semente santa não veio da vontade da carne, nem da vontade do sangue, nem da vontade do varão, mas sim da vontade de Deus e não pela preferência humana pois olhando nós para Ele nenhuma beleza víamos para que o desejássemos, mas Ele veio sim pelo poder do Altíssimo e não pelos olhos da carne pois para com Ele não há acepção de pessoas. E vimos então que das doze tribos de Israel Ele procedeu da tribo de Judá, sendo para um povo futuro conhecido como o leão da tribo de Judá, pois de Judá viria o legislador.
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CAPÍTULO 6
CONTADO COM OS TRANSGRESSORES
E nisto vemos então Tamar aguardando perpetuar nome à sua família, pois seu marido morrera por ser mal diante dos olhos do senhor. Sendo pois o irmão do falecido pelas leis antigas, determinar que gerasse filhos à viúva para que esta viesse a ter descendentes, e fazendo-se este então negligente aos mandamentos e ordenanças, por ter que trazer um filho, perpetuando descendência em nome de seu irmão, expelia este sua semente por terra, para que assim Tamar não viesse a fecundar. E isto pareceu mal diante dos olhos do senhor que tambem o matou.
Diante de tamanha situação Tamar agora se vê à espera por Selá até que este viesse a crescer para lhe gerar filhos e se envolve com seu sogro Judá, que a teve por prostituta e entrando a ela lhe faz conceber à Perez o qual carregou a semente santa multiplicando sua prole.
E mais uma vez nos surpreendemos com o agricultor escolhendo Tamar cujo marido deu lugar à semente maligna, sendo ceifado pelo Senhor, junto com seu irmão derramando sua semente por terra, e em tudo vemos uma luta travada para não vingar a semente. Até que Judá, seu sogro lhe faz gerar a Perez, e então entendemos que Ele se fez pecado por nós, contado com os transgressores, fazendo-se semelhante aos homens em forma de homem aniquilando a si mesmo, humilhando a si mesmo o justo pelos injustos, tornando-se maldito por nós.
Sendo pois, Tamar ameaçada por suposto adultério a ponto de ser queimada viva, escapa ao mostrar provas contundentes de suas justificativas, mostrando então o penhor pedido: selo, lenço e cajado, que ao ser entregue a seu dono foi por ele reconhecido os seus pertences ao dizê-la: “mais justa é ela do que eu porquanto não a tenho dado a Selá meu filho.”
Jacó, pois antes de morrer abençoou Judá dizendo: “O cetro não se arredará de Judá nem o legislador dentre seu pés até que venha Siló e a ele se congregarão todos os povos”. Ó
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bendito nome profético chamado Siló, aguardado e querido por longos quatrocentos e trinta anos de nossa semente em escravidão nos desertos do Egito. Pois o maligno observando que não obteve êxitos corrompendo a semente piedosa em toda depravação e promiscuidade, ao ver o agricultor que mesmo em tamanho pântano era poderoso para trazer o lírio dos vales, numa tentativa terrível obtém seu êxito parcial ao sufocar a semente em escravidão, definhando-a em longos quatrocentos e trinta anos de amargas dores ao pisar o barro para fazerem tijólos.
Tudo porque multiplicamos e fortalecemos em terra estranha e o Egito não era terra para a semente procriar, pois não era lá que manava leite e mel, mas era terra de demônios, terra de prostituições e idolatrias e certamente nos perderíamos após outros deuses. E foi levantado um rei que não conhecia a José que fizera tanto pelo Egito. E fomos então escravizados com cadeias de ferro, braceletes nos punhos e bolas de ferro nos tornozelos, vendo nossos algozes ceifar nossas crianças que nos dariam descendentes, e em tudo vemos os desígnios do altíssimo, pois corríamos o risco de contaminarmos com toda sorte de feitiçarias dos Egípcios e por isso fomos por eles escravizados por não ser ali nosso lugar de repouso e vimos a intervenção do senhor nos fazendo enxergar que resta ainda um repouso para o povo de Deus. Ainda que nossos espinhos na carne nos faça sangrar, contudo confessamos sermos peregrinos em terra estranha, ainda que muitos não contemplaram as promessas, tombando ao pisarem o barro para fazerem tijólos, contudo ficaram firmes como que vendo o invisível, clamando pelos seus exatores que os oprimiam.
Até que o senhor levantou um libertador do meio de uma carnificina e genocídio de crianças onde tudo indicava o êxito e triunfo do maligno; naquelas águas turvas do Nilo surge o menino Moisés, sendo guiado pelas mãos do régio dominador, o Timoneiro amado, trazendo brandura sobre as águas, tirando cerca de três milhões de pessoas das garras do inimigo, fazendo-os ouvir sua profecia ao dizer que nos finais dos tempos o senhor levantaria um homem semelhante a ele, ou seja, um grande libertador e toda alma que não o ouvisse seria extirpada dentre os povos.
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CAPÍTULO 7
A TENDA DOS JUSTOS FLORESCERÁ
Erguei-vos paredões de águas para que nossos pés passem a seco em tuas areias ainda umidecidas e seje atraído o perseguidor para submergir-se em seu orgulho com seus carros e cavalheiros. Onde estás agora ó destemido doutrinador com seus chicotes de escravidão? Tu que governavas com mão forte e implacável, sim grande ditador dominante, aprendestes por fim que aquele que por muitas vezes endurece sua cervis será quebrantado de repente sem que haja cura. Ouça agora se puderes o som do tamboril e a melodia inspirada pelo espírito, ouça o brado de vitória abalando os alicerceres celestiais. Escute o som festivo povo que saí do jugo para a liberdade, pois logo teus alaúdes se transformarão em ruídos de queixumes e murmúrios ao seres provados na jornada escaldante do deserto, onde o maligno vos espreita aguardando seu momento.
Mui cedo então nos rebelamos uns contra os outros movidos pela inveja, onde muitos não deixaram a porfia e foram por ela envolvidos como o abrir das comportas, onde Coré Datã e Abirão arrastaram a muitos em seus conflitos maliciosos, convocando os cabeças de família contra o legislador Moisés, até que este convoca toda congregação a saber em qual família o agricultor frutificaria então. E vimos por fim a vara de Arão florescer amendoeiras sendo este escolhido para fazer a diferença entre o santo e o profano, entre o que serve e o que não serve, para que jamais viéssemos a trazer fogo estranho diante do altar, para não morrer! Disse o agricultor e vimos a semente piedosa surgir então do meio sacerdotal, confirmando pela lei agora em vigor sua linhagem desde os tempos antigos segundo a ordem de um Melquisedeque já existente.
Porém ceifados foram em rebeldia semeando suas sementes no deserto onde a própria terra se abriu para receber seus corpos ainda vivos. E durante quarenta longos anos colhemos conhecimentos e experiências de desabores para a alma, ao ver toda aquela geração submergir nas areias do deserto da desobediência, fazendo suas marcas de montões pelo caminho onde em um só
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dia caiu vinte e dois mil.
Em meio a grandes conflitos com tantos amaleques no meio do caminho e com as taboas de pedra, entramos na tão sonhada terra prometida e plantamos nossos grãos comendo ainda pão do céu, que um dia foi chamado de vil mas que cumpriu seu papel sustentando uma multidão, deixando gosto de azeite nos lábios, fazendo-os sorrir ao provar do alimento da terra. E que não se achando lugar mais para tal, cessou pelos frutos colhidos o saboroso pão do céu.
Bendito seja o nome do Senhor ora diga Israel, pois se não fora o Senhor em nosso favor já há muitos nossos inimigos nos teriam engolidos vivos. Pois o santo de Israel com suas mãos nos acalentam e nos fazem frutificar excelentes frutos dignos de desejos, trazendo aos olhos de quem vê anseios por almejá-los. E ao serem colhidos entendemos que a jornada nos ensina a não errarmos de novo e nos faz compreender que quando ocupamos o lugar determinado julgamos retamente, ao dizermos também que foi bom ter sido afligido pois agora guardamos suas leis em corações dispostos a obedecer e saber que ele é quem faz como lhe apraz, trazendo sua semente não da sombra e do grande vulto chamado Moisés homem que trouxe as tábuas da lei a serem gravadas em corações de pedras, mas sim de seu irmão Arão, ministro sacerdotal, a nos ensinar que não adentraremos pelas obras da lei naquela tão sonhada terra, mas sim pela infinita graça já derramada nos corações.
Pois se o ministério da morte gravado com letras em pedras veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés por causa da gloria do seu rosto o qual era transitória; muito mais o é em glória o que permanece. E nisto vemos em Arão ao compreendermos que de seus lombos viria também a promessa apontando para um sumo sacerdote eterno, pois em breve assim com foi chamado Arão, sendo digno de tamanha honra, assim também mui cedo ouvir-se-ia o testemunho; “Tu és meu filho, hoje te gerei”. E tu és sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque. Sim, venha supremo sumo sacerdote, estabeleça seu sacerdócio perpétuo, até que venhamos a adentrar na Canaã celestial.
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CAPITULO 8
PARTICIPANTES DA LINHAGEM REAL
Mas na terra havia ainda gigantes para serem dominados e o maior deles chamava-se Jericó, opulente e robusto; uma invencível muralha cujas armas mortais sequer abalariam suas estruturas, era o terror aos nossos olhos. Ó muralhas desafiadoras exaurindo e extaguinando seus opulentes, como olhar para ti e não se abalar? Como contemplar-te e não temer pensando em voltar atrás?
Ó agricultor amado, em nós não há forças contra tamanha situação que nos envolve o coração, chegamos a ficar atônitos, sentindo picadas em nossos rins, vendo apenas fantasmas a deixar-nos apáticos e com vertigens até faltar-nos o chão. Espessas muralhas de conflitos e adversidades cuja força motriz torna-se inerte ante Pétros maciços. E como o ferro com o ferro se aguça, vimos a verdadeira pétra se chocar nas rochas espessas a ruir todos os seus fundamentos ante o brado da fé, sendo prostrado o gigante amedrontador, destacando-se apenas a escarlata estendida sobre a janela daquela casa erguida sob o muro que sobressaia-se em meio aos escombros.
Bendito pacto que resguarda toda família, pois mil cairão ao teu lado, dez mil a tua direita, mas não seremos atingidos. Raabe, mulher de má fama e reputação, que conseguiu enxergar ao longe e foi honrada, fazendo aliança com os escolhidos ao protegê-los em estratégias de guerra, sem sequer imaginar que não somente sua casa se sobressairia em meio ruínas, mas que também seu nome romperia as barreiras do tempo ao se casar com Salmon e gerar Boaz avô do grande rei Davi.
Raabe, cujo nome fora arrolado nos anais das escrituras genealógicas, ficando assim conhecida na galeria dos heróis da fé, chamada de meretriz, mas cuja fé sobressaiu-se chamando a atenção do agricultor que a escolheu, mesmo sendo uma gen26
tia dando-lhe a honra de carregar a promessa da semente santa da qual veio Boaz, que em sua generosidade contemplou uma Moabita, permitindo a ela respigar os grãos que ele deixava propositalmente de suas espigas caídas pelo chão para o seu sustento.
Rute moabita, fiel e companheira, que ante dificuldades da vida ao ver seu marido partir sem lhe deixar descendentes não se deixou levar pelas situações, mas uniu sua alma com Noemi, sua sogra dizendo: “Não me instes para que te deixes e me afaste de ti, porque onde quer que fores irei eu e onde quer que pousares à noite ali pousarei eu, o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meus Deus, onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto se outra coisa que não seja a morte me separe de ti.”
Como tens faltado, ó corações amigos, que se fundem em um só sentimento, entrelaçando-se inseparavelmente, trazendo-nos tamanhas revelações de pureza e virtudes, tão preciosas que talvez nem procuradas se acham mais, em meio sentimentos tão egoístas. Rute assim nos demonstra tamanho companheirismo ao traçar em sua decisão o sacrifício de toda sua vida, para ser uma ajudadora, sem sequer imaginar que sua atitude mudaria toda trajetória de sua vida. Ouvimos até os anjos dizerem amém diante de tamanha resolução, de unir-se ao povo de Deus, recebendo honra ao casar-se com Boaz e poder ser uma ancestral da semente ao trazer em sua prole Obede e de Obede Jessé que gerou o grande rei Davi, ficando assim uma simples Moabita imortalizada pelo seu ato de benevolência.
Sim, vemos então que nós os gentios sempre fomos alvos do grande plano do agricultor, de produzirmos à Ele lindos frutos de toda aceitação sem restrições e préconceitos e indiferentismos, mesmos por sermos apenas uns rabiscos de colheitas, pois Raabe e Rute nos mostram tamanha honra a nós que não éramos povo, sermos participantes da linhagem real tendo nossa parte nessa ligação tão santa, escolhida a dedo pelo agricultor, de trazer sua semente prestes a ser introduzida no mundo.
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CAPÍTULO 9
TIRADO DAS OVELHAS
O que estava por detrás daquele balido de ovelhas? Realmente não era ninguém pelo qual devêssemos nos importar, era apenas um menino ruivo pequeno e franzino, rejeitado pelos seus que do banquete no seio familiar não participava, desprezado já desde tão novo, impedido de se alegrar com os seus. Por que não te convidaram pastorzinho de ovelhas? Não sabes tu que na casa de teu pai há um homem honrado, enviado pelo senhor a tratar de negócios teocráticos, concernentes ao reino? Prepara-te tenro pastor, pois prestes estás a ser tirado de detrás de tuas ovelhas para exerceres teu chamado.
Então Jessé convidou seus filhos e os fez passar diante de Samuel: A Eliabe homem de boa aparência, grande em estatura, com seus irmãos Abinadabe, Samá e todos os seus sete filhos. E nisso vemos que Jessé havia feito sua escolha.
E como os homens tem escolhido mal em suas decisões, em seus caminhos, escolhendo antes a Jope do que Nínive e as campinas verdejantes, que levam a Sodoma, onde os caminhos que ao homem parecem perfeitos, no final se revelam como caminhos de morte. Tudo porque nossos olhos atraídos e engodados são pelos frutos exuberantes das concupiscências dos olhos, da carne e da soberba da vida. Em suma, a verdade é que os homens preferiram mais os caminhos tenebrosos que os caminhos de delicias, abandonando os preceitos teocráticos e pedindo os democráticos de Saul e nisso vemos a intervenção de Samuel ao dizer: “O Senhor não escolheu a estes acabaram-se os seus filhos?”
Ficamos por imaginar o silêncio e os olhares; Jessé sem entender nada, afinal ele apresentara o melhor que tinha, mas por fim quase esquecendo, lembra-se do menor, o apassentador de ovelhas. Envia! Disse Samuel, manda chamar. Pois não
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nos assentaremos em roda da mesa até que venha.
Imensurável e bendita intervenção divina, quanta rejeição sofrida no seio familiar, quanto desprezo e olhares de dura cerviz. Quantos como você pastorzinho entre quatro paredes ainda comem do lado de fora? Muitos são os corações hostilizados pela antipatia familiar, desprezados pelos seus patrícios que exalam sentimentos frios, desdenhando àqueles que desejam o calor dos corações como filhos amados ao redor da mesa.
Na labuta da lida, rompe-se o elo do pastor e suas ovelhas ao ouvir a voz do mensageiro: “vinde ao banquete”. De sandálias sujas e com seu bordão, olhar de preocupação e temeroso, pela cena presenciada ao ver todos o receberem de pé, atônitos e sem terem o que dizer, esperava o pastorzinho receber apenas mais uma missão. E no silêncio daquele ambiente ouvi-se o ruído dos pés de Samuel ao seu encontro por ter ouvido a suprema voz dizer: “Eis aí o homem, ungi-o”.
Óleo precioso, que desce sobre a cabeça e sobre a barba até a orla de seus vestidos para fazer a diferença. E desde aquele dia em diante o espírito do Senhor se apoderou de Davi; espírito de santidade que sonda as profundidades de Deus que não olha como o homem que só vê o exterior e somente a aparência, mas que contempla o coração e que vê corações dispostos a obedecer, ainda que sejamos desprezados e tratados como escória do mundo, porém o Senhor é quem nos assiste. E nos exalta, pois os humildes sempre serão alvos do cuidado e do grande amor de Deus.
Alegre-se ó Davi, por matar o urso, regozija-te por vencer o leão, cantai sim mulheres com seus adufes e dançai pelo gigante Golias tombado em campo de batalha. Tocai a harpa jovem Davi e alegre-se o teu coração, pois eis que em breve se aproxima os verdadeiros gigantes sobre ti, os quais Golias perto destes é quem sairia amedrontado como os teus familiares ante a peleja.
Gigantes, como o ciúme doentio de Saul que fora ven29
cido por Amaleque em grande desobediência e perdeu seu reinado arremessando sua lança sobre ti, espoliando-te como uma perdiz no deserto da perseguição. Solitário e sedento, longe do lar, lá estava a semente peregrina rumo ao seu reinado, recebendo os seus súditos em cavernas e vencendo batalhas rumo a coroa.
Batalhas que deixaram marcas, gigantes como Bate-seba e a espada que jamais se apartou dos seus. Filhos que se foram, os quais viu enterrar, filhos que trouxeram angústias, escândalos e intentos malignos. Espoliado por Absalão que intentou tirar-lhe a vida e o reinado, levantando traições e expulsando-o, fazendo-lhe errante pelo deserto. Sim, na verdade nossos verdadeiros gigantes os quais tememos são nossos próprios familiares, pois a semente veio trazer espada, onde nossos progenitores seriam os maiores inimigos, pela decisão tomada, e na casa agora haveria divisão, pai contra filho e filho contra seu pai, nora contra sogra e sogra contra nora, e por baixo desse alicerce familiar na vida de Davi achava-se o inimigo a tentar, roubar-lhe sua descendência, impedindo-a de frutificar-se.
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CAPÍTULO 10
A SEMENTE ENTRE OS REIS I
E nas horas de angústias e de dores, em meio desertos escaldantes de incertezas da vida, é que surgem os verdadeiros amigos como Jonatas, cujo os pés de ambos caminharam pelos campos juntos, compactuando pelas gerações seguintes, pelo amor sentido um pelo outro, porquanto Jonatas amava a Davi com todo o amor de sua alma, e o mesmo sentimento Davi confessou quando soube que seu amigo tombara em campo de batalha, cantando o cântico do arco dizendo: “Como caíram os valentes no meio da peleja. Jonatas nos teus altos foi ferido, angustiado estou por ti meu irmão Jonatas, quão amabilíssimo me eras, mais maravilhoso me eras o teu amor do que o amor das mulheres”.
Entrelaçados corações de amizades, como tens faltado em meio escassez de solidão, como tens faltando ó coração amigo. Tudo o que temos muitas vezes no lugar de Jonatas são os Símeis da vida para amaldiçoar-nos e apedrejar-nos, lançando-nos em rosto todas as mágoas e ressentimentos e palavras persuasivas de dissabores para a alma, para nos fazer parar na jornada em meio a ermos. E nisso vemos a palavra do rei Davi dizendo: deixai-o, porventura o senhor olhará para minha aflição e miséria e o Senhor me pagara com bem à sua maldição deste dia.
Amaldiçoai agora Símei, pois em breve se inflamará a ira do filho do Rei contra ti quando ouvir conselhos de seu pai no leito de enfermidade dizendo: “eu vou pelo caminho de toda gente, esforça-te pois e sê homem”, e disse mais o rei Davi a seu filho Salomão: “Eis aí Símei a quem jurei não matar pelas maldições lançadas sobre mim, mas agora não o tenhas por inocente e inculpável. Tu és sábio, saberás o que fazer para que suas cãs desçam à sepultura com sangue”.
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Sim, grande rei, mostrastes que és homem de guerra, por isso não edificastes casa para o Senhor, pois fostes derramador de sangue em teu reino de lutas e conquistas e amargas cicatrizes, mas fostes também homem segundo o coração de Deus e recebestes promessa de jamais apagar-se a lâmpada em Israel, tendo sempre um herdeiro ao reino: Salomão de Bate-seba grande em sabedoria jamais visto, entre os nascidos de mulher ninguém jamais superou tamanha virtude concedida.
Reine Salomão com toda sabedoria e traga descendência à bendita semente. Regozijai-vos sim nação eleita, aquietai-vos povos, pois o reinado é de paz e prosperidade. Exultai sim pois estais prestes a mergulhar em reinos de escuridão e maldade, onde reis como Roboão, filho de Salomão, que por conselhos insensatos, dividiu o reino, misturando sua semente com mulheres estrangeiras, estabelecendo idolatrias, recebendo o castigo devido pelo seu erro. Sisaque com seus carros e cavalheiros, tomou os tesouros da casa do rei e os escudos que Salomão fizera. E no lugar deles, dos escudos de ouro que Salomão fizera, fez Roboão escudos de cobre, mostrando assim o grande declínio de seu reinado. Seguindo seus próprios designos, corrompendo a semente, exterminando-a através de alianças fora da direção do altíssimo.
Terríveis alianças como as de Josafá e Acabe, embora Josafá como uma luz no fim do túnel, expelindo os altos e os bosques de Judá, desterrando da terra o resto dos rapazes escandalosos que ficara nos dias de Asa seu pai, uniu seu filho com Atália, filha do cruel Acabe, rei de Israel, com quem fez alianças militares e sofreu dura penalidade, sendo abandonado em campo de batalha, vestindo trajes reais, enquanto Acabe se disfarçava na peleja. Grande preço pagou também Josafá, ao unir-se com Acazias, rei de Israel, ao ver seus navios se despedaçarem e vendo Atália reinar após a morte se seu neto.
Maligna Atália, que projetou exterminar a semente santa, ao ver seu filho morto. Intentando destruir a descendência real buscando matar o menino Joás, herdeiro do trono, sangue
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de seu sangue, escondido por Joseba e Jeoiada por longos seis anos de espera. Guardado para tempo oportuno, escondido sob as asas do altíssimo no templo, até que a coroa lhe veio a cabeça. E Atália com suas vestes rasgadas, derrotada foi pela espada triunfante da longaminidade.
Bendita graça derramada nos corações, que nos capacita a entender que em tudo há um tempo determinado que nos ensina a aguardar a boa e rebenta semente frutificar e trazer valorosos frutos de longaminidade em nossas peregrinações, ao aguardar as estações que passam com os ventos, pois ainda que as noites traiçoeiras de inverno nos castiguem elas sempre passam, trazendo sempre a esperança de uma primavera prestes a surgir nos corações daqueles que jamais desistem ao aguardarem pelos frutos desejados.
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CAPITULO 11
A SEMENTE ENTRE OS REIS II
Em meio a tantas coroas ameaçadas por estratégias bélicas que foram sustentadas pelos bravos da época, vemos também o valoroso rei Usias em seu reinado de prosperidade, trazendo edificações de grandes torres no deserto, cavando poços, fazendo também o que era reto aos olhos do Senhor. Ganhando nome e ramificando-se até o Egito por fortificar-se altamente, fazendo máquinas de invenções com toda engenharia para atirar pedras e flechas, fazendo seu nome voar para longe em fama pelos materiais bélicos dominadores e pelo seu grande e invencível exército de trezentos e sete mil e quinhentos homens, com seus escudos e lanças. Até que pela sua grandeza foi assaltado, abatido e traído pelo seu grande orgulho, exaltando seu coração até se corromper e transgredir contra o senhor, queimando incenso no templo o que não lhe convinha fazer, ficando com isso leproso até o dia de sua morte, isolado em casa e separado dos seus.
Na verdade o coração torna-se nosso maior inimigo quando alimentado de poder. Fazendo-nos sentir invencíveis, inabaláveis e auto confiantes, desencadeando em nós toda opulência e presunção, nos fazendo sentir os melhores ao contemplar todas as riquezas adquiridas pelos próprios méritos, elevando nosso ego às alturas e de onde somos muitas vezes precipitados pelo inimigo de nossas almas. Pelo que passamos então a entender que o perseguidor da semente ainda usa seus artifícios antigos, corrompendo a semente pelos seus ardis maquiavélicos, vendendo sempre suas ilusões aos sonhadores iludidos pelos seus desejos que sempre superabundam as imaginações dos seus corações.
E dormiu Usias com seus pais, deixando ao trono seu filho Jotão o qual gerou a Acazias, pai do então famoso rei
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Ezequias, que restabeleceu o culto ao Senhor, abandonado por seus pais que queimaram seus filhos no vale de Hinom. E fez Ezequias o que era reto aos olhos do Senhor, reparando as portas da casa do Senhor, o qual também destruiu a grande Neustã, instrumento de cura para o povo em épocas remotas e que lhes tornara em objeto de tropeço por desejarem mais as bênçãos do que o abençoador. Pois foi a serpente adorada e trocaram o abençoador pela aberrante criatura. E então nos lembramos de Moisés dizendo ao Senhor: “Se tua presença não for conosco, não nos faça subir desse lugar.” E vemos que sua presença é que faz a diferença, pois ele é a verdadeira benção e riqueza.
De maneira que Ezequias sobressaiu-se em grandeza e poder, de tal forma que em Judá não houve rei semelhante pelas grandes batalhas travadas, como as de Senaqueribe do qual veio a adoecer para a morte. Até que visitado foi pelo profeta Isaias e ouviu a mensagem do alto para por sua casa em ordem, pois por que morreria e não viveria mais? E muitas vezes somos surpreendidos pelas situações que desencaminham toda trajetória do curso de nossas vidas, até que resolvemos por então as coisas nos devidos lugares, a começar de onde caímos e voltamos os corações ao amado de nossas almas, do qual extraímos a cura para todas as nossas feridas.
E como na oração tudo é transformado, onde os solos infrutíferos trazem vida para que os tempos de seca fluam águas torrenciais, onde nuvens da palma da mão de um homem trazem a esperança de longos anos de seguidão em chuvas que fazem brotar renovo, assim orou Ezequias muitíssimo, não porque morreria apenas, mas porque partiria sem deixar descendência. E voltando-se para a parede orou rogando lembranças passadas ao dizer: “Lembra-te senhor que andei em tua presença com um coração sincero e fiz o que era reto aos teus olhos”. E isto nos traz à memória as palavras do salmista ao dizer: “Lembra-te da palavra dada a teu servo pela qual nos deste esperança”. E Deus lhe acrescentou mais quinze anos de
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vida.
Tempo este necessário para engrandecer-se ao receber presentes do rei de Babilônia e lhes mostrar toda casa de seus tesouros. A prata, como também todo ouro e as especiarias, como os melhores unguentos, até mesmo sua opulente casa de armas, e não houve nada que lhes não mostrasse.
Equivocados caminhos traçados pelo coração, quando abrimos nossos sentimentos às pessoas que não estão no mesmo espírito e que nunca vão compreender por não estarem preparadas e por não serem as mais capacitadas a ouvir, deixando-nos sempre descepcionados com tudo e com todos.
Assim ficou Ezequias frustrado, recebendo seu veredito, onde tudo o que ele mostrou fora levado para o cativeiro pelo rei de Babilônia. Até mesmo os filhos que ele gerasse, seriam levados em escravidão, filhos estes pelo qual orou com rosto voltado à parede até receber em seus braços a Manassés.
Maligno Manassés, rei de grandes trevas, que mudou toda história e tragetória de seu povo, fazendo o que era mal aos olhos do Senhor, levantando altares a Baal, enclinando-se ao exército dos céus a astrologia e exterminando seus filhos ao sacrificar-lhes no fogo aos deuses. Sendo também agougueiro, instituindo a feitiçaria e provocando a ira do Senhor, por ter feito pior que os Amorreus que foram antes dele, fazendo Judá pecar e com isso recebendo o juízo que a longo tempo não tarda, trazendo sobre o povo a escravidão, na deportação para Babilônia.
Terrível final que nos induz a meditar: a ficarmos por entender até onde lutaremos como Ezequias, orando por um Manassés e saciando apenas nossos sentimentos e vontades. Não seria então melhor ficar com a primeira mensagem de Isaias? não seria então melhor ficar com a vontade do Senhor ao ouvi-lo dizer para por sua casa em ordem por que certamente morreria?
Embora Manassés ter derramado muitíssimo sangue inocente e ter feito grandes abominações, assassinando seus fi36
lhos e fazendo introduzir imagens na casa do senhor, contudo em sua angustia suplicou e humilhou-se perante o senhor com ganchos no nariz e algemas de bronze em cativeiro, clamando e lhe fazendo oração, ouvindo Deus sua súplica, se aplacou para com ele e tornou a trazê-lo a Jerusalém ao seu reino, e conheceu Manassés que o Senhor era Deus. E dormiu Manassés no senhor, e seu filho Amon seguiu seu mau exemplo, deixando ao senhor, sofrendo conspiração de seus servos, sendo morto em sua própria casa e colocaram como rei a Josias, seu filho, em seu lugar.
Bom rei Josias, que reparou as fendas da casa do Senhor, dando ouvidos ao livro da Lei achado e esquecido na casa do Senhor, onde ao ler suas palavras rasgou seus vestidos e prontificou-se a consultar acerca daquelas palavras, pois grande era o furor, e ouviu a mensagem de que o mal jazia às portas contra Judá, mas como o seu coração havia se enternecido e se humilhado ao ouvir tamanha desolação, dormiu em paz e seus olhos não viram todo o mal que sobreviria sobre aquele lugar. Mas quantos reis mais ainda dirão pelo caminho as palavras de lamentações do profeta que diz: “Ai de nós porque pecamos, caiu a coroa de nossas cabeças”.
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CAPITULO 12
O GOLPE PARA O EXILIO
Quanto declínio em escuridão vimos de reis em vanglórias. Como o envolvimento e o poder corrompem a mente humana trazendo conspirações e mortes. E entre palácios e coroas, vemos nossa semente romper campos de batalhas em meio trevas densas de maldade, onde gerações que vem e que se vão deixam sua história plantada em sangue e terror, envolvendo nações e povos, mistificando suas culturas, enfraquecendo nossa semente em vaidades e orgulhos, fazendo-nos caminhar como cegos, trilhando nossos caminhos errôneos rumo à deportação para a Babilônia por Nabucodonosor. Onde foram levados todos os tesouros do rei e também da casa do Senhor. E foram fendidos os vasos de ouro que Salomão fizera, e foram transportados para Babilônia a Joaquim, Rei de Judá, com toda sua família, suas mulheres e seus eunucos e todos os poderosos foram levados cativos: sete mil homens valentes, carpinteiros, ferreiros até mil, homens destros na guerra, todos levados presos em grilhões para Babilônia.
E fora estabelecido como Rei a Zedequias, que rebelou-se contra Nabucodonosor e no seu nono ano de reinado Jerusalém foi sitiada com tranqueiras em todo redor, até o undécimo ano do rei Zedequias, trazendo fome a todos os seus moradores, obrigando-os a fugir, e foram alcançados nas campinas de Jericó, onde todo exército se dispersou. E degolaram os filhos de Zedequias diante de Zedequias e lhe vazaram os olhos, atando-o com cadeias de bronze, levando-o para Babilônia.
Dias de trevas onde o capitão Nebuzaradão da guarda do rei da Babilônia veio a Jerusalém e queimou a casa do Senhor, e a casa do Rei, incendiando todas as casas de Jerusalém. E derrubou nossos muros que havia em volta de Jerusalém, a grande cidade. Levando cativos nossos guerreiros, como tam38
bém todos os vasos da casa do Senhor, quebrando suas colunas e bases, levando todo o bronze. E mataram nossos sacerdotes Seraías, como também a Sofonías, e dos que ficaram, os mais velhos foram escravizados em suas próprias terras, os demais porém, todos levados cativos e deportados para Babilônia.
Onde estás agora ó Rei Zedequias, zombador dos mensageiros do Deus Altíssimo e mofador de seus profetas que madrugaram levando sua mensagem? Mas não destes ouvidos, como não podes ver com teus olhos vazados nossas lágrimas junto aos rios de Babilônia? Ouça então nossos algozes pedir-nos canções para sua alegria ao dizer: “Cantai-nos um dos cânticos de Sião”, mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha, Como não prantear por ver nossos filhos ainda tenros serem estraçalhados em pedras?
Então caiu o golpe, mais uma vez o tronco tombou e fomos expulsos do lar e cumpriu-se a palavra do Senhor por seu servo, o profeta Jeremias: “até que a terra se agradasse dos seus sábados, todos os dias de desolação repousou até que os setenta anos se cumprisse”.
E afundamos naufragando nossos sonhos e projetos em terra estranha, onde muitos dos que foram levados mesmo tenros ainda mantinham suas posições no palácio real, não se contaminando com as iguarias do rei, como o jovem Daniel e seus companheiros.
Seria esse o fim de toda uma história de perseguição onde pelejas infinitas parecem por fim terminar em braceletes de ferro? Torna-te a levantar-nos agricultor bendito, pois novamente fomos cortados mandados para o exílio, e envelhecemos tombando nas pedras de moinhos das escravidões e morrendo estamos na fé sem receber as promessas, mas vendo-as de longe e crendo-as, abraçando-as confessamos que éramos estrangeiros e peregrinos em terra alheia.
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CAPÍTULO 13
ROMPENDO GERAÇOES
Até que Deus levantou a Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o reino e ajuntou a todo o povo, àqueles cujo espírito Deus levantou a edificar a casa do Senhor que está em Jerusalém. Trazendo os vasos de prata e ouro como também a todos os desterrados à edificar a casa do Senhor que jazia em ruínas. E entre eles a semente piedosa de Zorobabel que ajudou na construção do templo, enfrentando oposições de Tatenai, governador de além do rio e demais inimigos. E não desanimou recebendo promessas do Senhor ao ouvir que era escolhido pelo Senhor como um anel de selar: “E quem eras tu ó monte grande? Diante de Zorobabel serás uma campina, pois ele trará a primeira pedra com aclamações: Graça, Graça a ela! E muitos verão a obra se concretizar com o prumo na mão de Zorobabel”.
Poderosa és ó semente desterrada rompendo em campos de batalhas queimados e assolados pelas noites sombrias de incertezas e de grandes tormentas, por tão longo período de quatorze gerações, desde Abraão até Davi, e mais quatorze gerações desde Davi até a deportação para a Babilônia, e por fim, mais quatorze gerações futuras desde a deportação para a Babilônia até a bendita promessa messiânica, onde tu ó semente piedosa rompestes muralhas outrora feitas em montões de ruínas, onde desbravadoramente movestes das cinzas frustrados sonhos enterrados, reconstruindo do pó impossíveis projetos. Superando os mais ardis intentos das oposições, fazendo tombar desígnios malignos a expor o triunfo da batalha vencida.
Tu és ó semente, o rebento de toda essência do criador que nos incutil a vitória ao regar-nos com águas de esperança e fé, fazendo-nos frutificar em campos cicatrizados pelas ba40
talhas travadas. Mostrando-nos que a primavera se aproxima, onde podemos olhar novamente ao horizonte e contemplar, que agora sim estamos preparados, para a longa distância a ser caminhada de longos quatrocentos anos perdidos, submergidos no vácuo, aguardando o mover dos céus, ao resplandecer a luz da face do Altíssimo sobre a semente, até que rompa a terra e germine em tempo oportuno e determinado, até que venha siló; bendito nome profético aguardado e oculto para ser revelado às gerações futuras. O mistério que esteve oculto desde a fundação do mundo prestes a ser revelado nestes últimos dias, pois se o grão de trigo caindo na terra não morrer fica ele só, mas se morrer dá muito fruto.
Portanto, venhas deserto silencioso, traga suas incertezas e questionamentos, ofusque nossa visão e apresente teus caminhos de indecisões, seus labirintos infinitos com destino ao esvário dos pensamentos que se perdem no vazio, e surre nossos lombos por longos anos de espera e sequidão, pois o que está prestes a germinar trará novas todas as coisas, onde naquele dia o renovo será cheio de beleza e de glória e o fruto da terra será excelente e formoso aos olhos dos que escaparem deste deserto espiritual. E não haverá mais obscuridade para os aflitos, pois aos olhos em trevas resplandecerá luz, e vida aos que jazem à sombra da morte, pois do tronco de Jessé brotará um rebento e das suas raízes um renovo frutificará e repousará sobre ele; o espírito do Senhor, espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor do Senhor. Para que àqueles que se firmarem sobre ele jamais venham a ser abalados e confundidos, pois olharão para ele e não ficarão confundidos ao serem iluminados, por ser ele um farol que ilumina em lugar escuro e que nos leva sempre ao porto desejado.
Quem és Tu então, ó desejado das nações? E por que perguntas pelo meu nome, visto que és maravilhoso? Pois o cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló...
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CAPITULO 14
O SILÊNCIO DE DEUS

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CAPITULO 15
O ROMPER DO SILÊNCIO PELA SEMENTE
A esperança que tarda desfalece o coração, mas o desejo chegado é árvore de vida, pois para tudo há um tempo e um propósito determinado debaixo dos céus, e o tempo de cantar chegou, pois a alegria veio ao amanhecer. E lá estava ela, adentrando pelos portões do templo: irreconhecível semente e por que não dizer a videira verdadeira, pois ele foi subindo como renovo e como raiz de uma terra seca e olhando nós para ele nenhuma beleza víamos para que o desejássemos, não tinha parecer nem formosura, reputado por indigno entre os homens, rompendo o silêncio de longos quatrocentos anos e trazendo consigo para sua oferta dois pombinhos, ele vem.
Ó ministros seus, que executais o seu beneplácito, por que não enxergais? Seria pela oferta tão simples que não chamaste vossa atenção, se pois na verdade ele mesmo era a oferta? Contemplai-vos, prostrai-vos diante dele, adorai-o na beleza de sua santidade e dai-lhe a glória devida. Porém os anos de silêncio vos cegastes e não percebestes em vossas sensibilidade o que só pelo espírito se compreende por tamanha revelação.
Erguei mãos trêmulas e cansadas movidas pelo espírito ó justo e temente Simeão, tomai-o em seus braços e louvai dizendo: “Agora Senhor, despede em paz teu servo segundo a Tua palavra, pois meus olhos já viram a Tua salvação, à qual preparastes perante a face de todos os povos, luz para iluminar os gentios e para glória do teu povo Israel”. Alegre-se velho Simeão e rendei graças a Deus, ó profetiza Ana, pois o silêncio de tantos anos fostes rompido a vossos ouvidos. E não somente a vós, mas também à Zacarias, pois suas orações secretas foram ouvidas e Isabel, mulher estéril, trouxe luz à voz do que clama no deserto, a preparar como um arauto os caminhos desta criança que agora chora em teus braços assustada.
Sim, o silêncio fora realmente quebrado, pois que o
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anjo Gabriel, mensageiro de Deus, apareceu a Maria, serva do Senhor dizendo: “ Salve agraciada, pois és bendita entre às mulheres! Tu conceberás e darás a luz um filho, e pôr-lhe-as o nome Jesus, pois ele será grande e chamado filho do Altíssimo. E o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e seu reinado não terá fim.” “Mas como?”, ela disse, “visto que não tenho relação com homem algum?”. E o anjo lhe disse: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, por isso o ente santo que de Ti há de nascer será chamado filho de Deus, pois para Deus nada é impossível.”
Sim verdadeiramente o silêncio fora de fato quebrado, pois pastores do campo também viram o anjo a lhes dizerem: “Não temas, trago novas de grande alegria que será para todo o povo, pois na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador que é Cristo o Senhor”. E agora já não havia somente um anjo apenas, mas um exército, uma multidão dos exércitos celestiais dizendo: “Glória a Deus nas maiores alturas, paz na terra entre os homens a quem ele quer bem”, porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros e o seu nome será: maravilhoso, conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, príncipe da paz”.
Ó inefáveis entranhas de misericórdia, pois havendo Deus outrora falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo filho, a quem constituiu herdeiro de tudo por quem também fez o mundo. O filho é o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Pois disse o Altíssimo: “Tu és meu filho, hoje te gerei”. E ao introduzi-lo no mundo a respeito do filho se ouviu: “Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos e cetro de equidade é o cetro do teu reino, por isso Deus, o teu Deus te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros.” E vimos a sua glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade, pois nele estava a vida e a vida era a luz dos ho45
mens, luz verdadeira que ilumina em densas trevas.
Em suma, o que depreendemos de toda história é que Ele nasceu debaixo de um jugo de ordenanças para cumprir toda a lei e os profetas, vindo de um tronco genealógico apenas para saciar o cumprimento de ritos e tradições num contexto contemporâneo, onde a Lei predominava como aio e tutor apontando para uma nova aliança, um novo caminho onde o jugo prestes estava a cair. E nisto vemos o intuito pelo qual toda lei fora designada; a demonstrar suas credenciais de domínio e prosperidade aos que por ela a executam. Estruturando a história e moldando o caráter em três fases distintas de quatorze gerações, onde o povo encontra seu ápice na semente bendita, ora agora em eminência.
E que podemos dizer de Ti ó semente, tão tenra e já perseguida, vendo a espada maligna ser mergulhada em sangue inocente, derramando com ela lágrimas no seio familiar, em grandes gritos de terror e agonia?
Então vimos cumprir o dito do profeta Jeremias; “Em Ramá se ouviu uma voz: lamentação, choro e grande pranto. Era Raquel chorando os seus filhos e não querendo ser consolada porque já não existem”.
Sim ó grande o Rei Herodes, não fora apenas o Teu medo de ser destronado ao ouvir dos magos que o rei dos Judeus estava em eminência, que o fez tramar tremenda carnificina, onde naquela tão pequena cidade ouvia-se vozes de terror. Mas sim toda fúria do vil tentador por detrás das cortinas, instigando-o à loucura e crueldade, a caçar o salvador como uma preza vulnerável, inocente e de olhinhos indefesos, ao ver toda tua fúria frustrar-se. Contemplando a tão pequenina criança escapar da lâmina brilhante do terror nos braços de José, que avisado fora em sonhos pelo Altíssimo a fugir para o Egito, onde tu, ó semente bendita, começastes a aprender desde tão cedo e sem tréguas

 
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calex
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/10/2014 06:16  Atualizado: 17/10/2014 06:16
 Re: Capítulo 1 – Tombados pela desobediência.
«pelo ciúme doentio da maldade e vimos o terror aos nossos olhos, todos os sonhos e projetos resumidos em um quadro de frustração jamais contemplado»

Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=279128#ixzz3GNcOXwqy

acredito nessas palavras, a teimosia de permancer no erro,de expandir a maldade realmente provoca nos outros feridas,magóas q de tão profundas podem ferir indiretamente gerações e gerações como um ciclo maldito,por isso é bacana tentar entrar pela porta do bom ensinamento.

curti muito ler o primeiro capitulo do seu livro calex, é uma tese muito séria q mostra n somente o seu amor pela palavra como o cuidado no desenvolver do seu ponto de vista. valeu viu? abraço a vc e sua familia,bom dia

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/12/2014 15:24  Atualizado: 18/12/2014 15:24
 Re: a semente santa

Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 25/12/2014 23:29  Atualizado: 25/12/2014 23:29
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 Re: a semente santa
Vim te reler e te deixar um bjo
E dizer q amo a tu'amizade.
Ray Nascimento
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Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 20/05/2015 21:33  Atualizado: 20/05/2015 21:33
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 Re: a semente santa
Amigo, gostei muito sinceramente. O tema para mim a exigir uma leitura cuidada de uma bela escrita e um texto bíblico que me é de grande respeito e prezável. Deus o ilumine sempre e o guarde!
Abraço Vólena