Poemas : 

O ENCONTRO COM DEUS

 
O ENCONTRO COM DEUS
 
“... a luta é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas...”
(Heráclito de Éfeso – 540 – 480 aC)

O Homem contra ele mesmo, nunca foi uma guerra a esmo, ao contrário, sempre foi a única guerra que se fez necessária. Nos primórdios, era uma espécie nascida na total ignorância, com qualquer outra espécie? Ou já vinha com algum diferencial que a tornava fadada à culminância que chegou, sobrepujando todas as demais espécies? As lutas que a espécie humana travou ao longo de sua epopeia foram medonhas! Ao nascer é a mais indefesa das espécies, o bebe humano não sobreviveria uma semana sozinho! Mas, com certeza, desde o princípio contou com pais devotados e amorosos (melhor não falar de amor ainda? Seria só instinto de sobrevivência e preservação da espécie?). Seja! Mas, as lutas que enfrentamos contra os perigos exteriores eram constantes e intensas; só não eram maiores que as lutas travadas no seu mundo interior! As emoções, os sentimentos tão controversos, tão antagônicos: amor, ódio, perdão, perseguição, morte, vida! A guerra no seu mundo íntimo, não cessa um átimo. O maior dos sofrimentos foge a qualquer tipo de entendimento: a morte, seja a sua morte ou o de um seu rebento era só tormento. Essa é a hora que o homem chora, implora, deplora – a pior hora; nesse instante, o homem percebe o quanto a vida é impermanente.
Assustado, corpo cansado, ergue as vistas para além dos seus prados! Ante a visão estupenda do Universo, a morte figura-se como o reverso. No imo de sua alma, uma voz fala do infinito, da eternidade, nesses momentos o homem se acalma, uma espontânea alegria a dor alivia. Indaga: mas tudo isso, quem cria? Já não se conforma que o fim seja a norma, então, pesquisa, se informa! Tudo em suma: o esplendor da Natureza; a noite com o céu estrelado; a Lua; o Sol; seus sentimentos antagônicos; a morte; a vida;... leva a crer num Poder Criador Sumo que, de tudo, seja o rumo, o fim! Cada vez mais maravilhado ante a grandeza da Natureza, à noite, vê o céu: que beleza! Tudo expressão da perfeição, criado para a destruição? Impossível. Não. Percebe, encantado, que ao ser criado, algo mais lhe foi dado: o reinado, o poder sobre toda a Natureza, percebe isso a cada dia de luta, de vitória sobre o mundo selvagem. Entende a grande responsabilidade de tal realeza. A cada dia sua sensibilidade crescia, toda brutalidade muito lhe aborrecia, uma aversão à injustiça, à violência gratuita; o gérmen da arte, da poesia nascia com aqueles arroubos da alma que chorava e ria ante a inteligência que como luz a tudo “alumia”. Sentimento controverso ainda o perseguia, o escravizava, emoções boas e más (uma luta que até hoje ainda existe em nós) tiravam lhe toda a paz. Observando, o homem, que fazia cada vez mais progresso, que nunca havia retrocesso, compreendeu que, da vida, a evolução é seguro processo! E a luta continua sucesso após sucesso! Quem duvida, quer compreender. Após cada dúvida esclarecida, a Verdade sacia-lhe a curiosidade. Mas o véu do mistério permanecia: haveria uma eternidade?
O homem compreende que uma vida tão curta não seria o bastante para a solução de seus questionamentos, da sua sede de conhecimento que aumenta dia a dia, a cada momento. Então, sua razão entende: o Pai da Criação não cria para a só destruição. Claro, não há outra explicação, rumo à eternidade, seu Fado: a perfeição... Porém, precisa ser o artífice de sua própria evolução: do Pai, a condição! Eis que, assim, a humanidade encontra-se com Deus em sua intimidade, como se vê, isso nada tem a ver com fé cega. Com a razão o homem se apega e compreende e se esclarece perseguindo o desejo da verdade, mais cedo ou mais tarde, arrancará o véu que cega.


Manoel De almeida

 
Autor
ManoelDeAlmeida
 
Texto
Data
Leituras
1759
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
12 pontos
2
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/09/2014 01:00  Atualizado: 30/09/2014 01:00
 Re: O ENCONTRO COM DEUS
Em o O Macaco Nú (no original, The Naked Ape) livro de Desmond Morris, o zoologista (expert em primatas) compara o homem, como animal, com outras espécies similares, tentando comparar a evolução deste com de outros animais. Óbvio que ele não consegue chegar a uma comparação adequada. O cérebro do macaco nú cresceu, pois ele se esforçava para pensar em como conseguir alimentação tendo de disputar terreno com felinos velozes e com garras. O homem evoluiu - o elo perdido - essa parte que enlouquece biólogos, nunca foi percebida. O homem deu um salto na evolução, de simples animal para o mais complexo. Seu cérebro cresceu, tornou-o inteligente,perspicaz, pensativo, interrogativo, questionador de tudo e de nada, -foi o princípio do fim! O homem não mais vivia, procurava um motivo para viver, o homem começou a perder-se dentro dos seus questionamentos. O macaco nú tanto evoluiu que parou diante da grandeza que não pudera explicar. Quem fez obra tão monumental? Quem está por trás de tanta perfeição? Foi Pitágoras quem incutiu sua perfeição numérica à natureza ou foi a natureza que lhe ensinou a perfeição matemática de suas simetrias? Uma coisa o homem tem de aceitar e isto já nasce impregnado em suas células, há algo de maior, há algo de superior. Uns compreendem cedo, outros morrem sem abrir os olhos e ver o que está em todo lugar: a perfeição: Deus!

Gostei muito do teu texto, traz grande reflexão, traz o pensamento à tona e nos faz viajar...se viajei demais, peço desculpas, mas a culpa foi sua.

obrigada por tão belo texto.

abraços