Poemas : 

[consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem nós]

 
.
.
.
.
........................
................
...............................
.....
.
.
..............................
..................................
........................
..
....................................
..................
***********************************
*********************************

consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem nós

dize-lhe a terra que se ouve a mar em outubro
dos centros apagados construindo casas em volta
[porque não ao redor?]
caos

quilhas perfeitas escondidas pelo areal
aves
barcos submersos

despidas do branco das praias a sul.

Transporta-me além deste tempo
não meu
um mundo despojo
catadupas simples sem graças
quiçá as garças pela margem bombordo
observando maré
esperando esgravatando
passos ao largo sem interesse

que me interessam os sons por perto ou os cavalos alados a espaços[?]
sabes bem que são abismos
destapando frios

. entrego-te a visão perdida um dia
pela manhã já tardia
assim são os náufragos [de si próprios também]

agarrados aos grandes troncos de madeira boiando sem rota
mal sofridos vivem

I

faze-me a hora desconstruindo-a após
muros
passos
tatuagens

após as cores que dispersas sem jeito
plenas

quisera eu hoje ser o teu tu
deixando de ver pessoas colhendo as últimas cerejas esvoaçando às cegas
titubeando sós

[sim
nós].


(Ricardo Pocinho)


"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
Autor
Transversal
 
Texto
Data
Leituras
1234
Favoritos
4
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
52 pontos
12
4
4
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2014 19:35  Atualizado: 30/10/2014 19:35
 Re: [consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem n...
mais uma aula de poesia e o privilégio de levar a imaginação por esses teus mares de conquistas e naufrágios, parabéns, Ricardo.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2014 19:41  Atualizado: 30/10/2014 19:41
 Re: [consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem n...
feitas minhas as palavras - quase perfeitas - de Aquazulis (por vezes sou, outras nem por isso, parco em palavras)


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2014 20:25  Atualizado: 30/10/2014 20:26
 Re: [consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem n...
Por vezes os momentos se encontram nas direções dos instantes onde se desconstroem virando as margens que se escondem no vais das sombras flutuando nas essências que se naufragam, se esvoaçam nos passos que seguem um um olhar


Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 30/10/2014 22:03  Atualizado: 30/10/2014 22:03
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: [consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem n...
Boa noite Transversal, quando botamos num mesmo caldeirão a realidade, a a subjetividade da vida, o resultado é um caldo de cor, e de sabor indefinido, que vai variar de acordo com a ânsia dominante de cada instante da vida do transeunte, aquele abraço, MJ.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/10/2014 00:12  Atualizado: 31/10/2014 00:12
 Re: [consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem n...
destaco


quisera eu hoje ser o teu tu
deixando de ver pessoas colhendo as últimas cerejas esvoaçando às cegas
titubeando sós

[sim
nós].



... pelo encanto do indizível



Sorriso para ti


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/11/2014 12:54  Atualizado: 01/11/2014 12:54
 Re: [consome-me enquanto crepita a acha de carvalho sem n...
Abismos e acenos, lenços marejados com a dor do adeus, sabe sol, foi assim que vi. O que importa os sons dos cavalos alados, o que importa as sereias cantantes ou as ondas que vem e vão levando a nostalgia. Boés de sentido, de belo como sempre, como todos, Perfeito.

Beijo grande c sdd