Poemas : 

;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se cidades

 
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;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se cidades
céus
noites álgidas nuas e cruas

abandonos
[porque não uma ou outra prece? que se dane se a condenação ao inferno dos homens é certa]

ficaram os encantos os esconderijos
porque não os medos de quem quer voltar

já é tarde
confesso-me a ti.

São ânsias esperas histórias
lembranças e redescobertas
nada de novo a sul

dir-me-ás o que quero ouvir
como se o amor se ouvisse
como se não passasse de um boato esquecido
ou pretensão ultrapassada

e aqui entra a velocidade da luz
porque não o meteoro que regressa
numa noite visto a planar pela escuridão iluminando-a
aquecendo-a

impiedoso o impulso que tudo arranca
sangue
pele sensível ao beijo
as entranhas que apodrecem fora do sítio

ou um grito coralino peregrino pululando pelos santelmos
que nascem dentro das trovoadas

. incondicionais o peso das palavras
as amendoeiras em flor
a ressaca das constelações que não vejo
prosseguindo viagens incompreensíveis
quase esmagadas

mas sinto a sica
as pedras que se movem algumas já mortas
e sempre as luzes ainda regressando
sem saber onde as arrumar
só para tapar algumas sombras tantas

amálgamas absurdas que me visitam quando querem encruzilhadas resvalando pelos quatro cantos que me cercam onde costumo envelhecer-me

I

onde?

II

Repito trajetos que explodem a meu lado [ou implodem já nem sei bem]
órficos
escondendo a manhã do caminho sobre as águas daquele braço do rio esperando finalmente um abraço que o aperte numa voragem completa
imensa

e agora

tu que chegaste até aqui

diz-me a cor de quem um dia bateu à porta do teu sonho?

III

a ti e agora

volto a confessar-me

vou-me deitar.

Nada nem desabafo é.






Santelmo - Fosforescência que em certas latitudes e principalmente em tempo de trovoada se nota no alto dos mastros dos navios




"Forfante de incha e de maninconia,
gualdido parafusa testaçudo.
Mas trefo e sengo nos vindima tudo
focinho rechaçando e galasia.
Anadiómena Afrodite? Não:"

("Afrodite? Não" Jorge de Sena)

 
Autor
F.Duarte
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Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/11/2014 20:11  Atualizado: 10/11/2014 20:11
 Re: ;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se ...
Um desassossego bem retratado centrado nas memórias de um tempo Duarte:


"e agora

tu que chegaste até aqui

diz-me a cor de quem um dia bateu à porta do teu sonho?"

bj

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/11/2014 22:22  Atualizado: 10/11/2014 22:22
 Re: ;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se ...
Tempos que se resvalam naquele infinito incansável de onde vem os ventos que vem em forma de rajadas que passa furiosamente e se esconde atrás das montanhas, de onde regressam as sombras pelas manhãs a procura do alvorecer onde o alvor de faz nos lábios de um lindo amor.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/11/2014 22:24  Atualizado: 10/11/2014 22:24
 Re: ;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se ...
já é tarde
confesso-me a ti.

................

e agora

tu que chegaste até aqui

diz-me a cor de quem um dia bateu à porta do teu sonho?

III

a ti e agora

volto a confessar-me

vou-me deitar.

Nada nem desabafo é.



e porque era tudo
urgia
que se desfizesse em quase nada
que não o sabe do tudo que deixou
que só eu sei
recôndito e albergado
das tempestades
no sonho que transporto

a cor que trazia?
branca
de vontades e intenções
como quem se esqueceu da vida
sonhando
sonhador


in confesso o descanso merecido
velarei pela noite
que nada mais traz
do que as pétalas
em palavras tuas

guardoT

Obrigada e sabes porquê

por estas e demais todas as palavras que semeias

Sorriso em noite de estrelas

Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 10/11/2014 23:40  Atualizado: 10/11/2014 23:40
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
Localidade:
Mensagens: 6699
 Re: ;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se ...
Essas coisas de ir e vir
de vestir e despir-se,
até que udo seja passado
de algo que nunca existiu
ou que não resistiu
são realmente complicadas.
Aqui não há desabafo, meu amigo!
É mais um poema enorme
que transbordou.
Fantástica composição!
bjs

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/11/2014 23:20  Atualizado: 11/11/2014 23:20
 Re: ;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se ...
Sempre tudo intenso, boés de boés, de boés de bom, bjo querido poeta.

Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 12/11/2014 03:08  Atualizado: 12/11/2014 03:08
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 17875
 Re: ;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se ...
já visitei essa casa que me visita.
os relógios deixam escapar o agora...
o absoluto são os ponteiros da dentro.
sem números vão. bjs e obrigada