Sonetos : 

VENTO BANDIDO

 
E veio o vento bater em minha porta.
Eu, inocente, abri sem constrangimento.
_ Posso entrar um pouco? – Perguntou-me o vento. –
_ Sim! Mas a casa é simples; se não se importa.

Ele entrou impávido, num torvelinho
Revirou a sala, varreu a cozinha,
Soprou meus poemas da escrivaninha,
Deixou minhas certezas em desalinho.

Depois, num rompante, saltou a janela,
Uivou no terreiro, bateu a cancela,
Quebrou a roseira que eu amava tanto.

Fiquei à soleira, mudo, entristecido,
Porque constatei que o vento bandido,
Levou-me a inocência, deixou-me o espanto.



Frederico Salvo



Direitos efetivos sobre a obra.
http://pistasdemimmesmo.blogspot.com/

 
Autor
FredericoSalvo
 
Texto
Data
Leituras
870
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/01/2008 22:20  Atualizado: 31/01/2008 22:20
 Re: VENTO BANDIDO
Boa história, enredada numa poesia de 14 versos: um soneto! Parabéns pela sua virtuosidade verbal, um abraço, Godi.


Enviado por Tópico
Doriana
Publicado: 31/01/2008 23:56  Atualizado: 31/01/2008 23:56
Da casa!
Usuário desde: 05/01/2008
Localidade: Rio de Janeiro
Mensagens: 350
 Re: VENTO BANDIDO
Criativo e gostoso de ler!
Gostei muito.
Parabéns Frederico