Poemas : 

A Noite, No Meu Quarto

 
A Noite, No Meu Quarto

A noite, no meu quarto
Olhei pra janela
E o vidro que me refletia
Fez meu olho esquerdo
Ter a lua em sua pupila
Então tive os olhos do mundo
E podia ver estrelas, cometas,
Asteroides e galaxias
Além de onde chegava
A luneta do planetário
Então me senti Deus
Mas sem a parte ruim
Porque Deus tem que
Ouvir pedidos idiotas
E levar culpas que
Não cabem a Deus
E ouvir o pranto
Dos filhos seus
Que choram muitas vezes
Por coisas que não valem
O pranto derramado
Fui o Deus da contemplação
E contemplando a dança
De asteroides e estrelas
De brilho e beleza incomuns
Senti como é bom
Ser livre e ter
Um universo só meu
E tudo era maior
Que tudo quanto havia
Sonhado em toda minha
Ínfima existência
E foi aí que vi
Minha pequenez e
Que não podia ser Deus
Eu estava no espaço
E não era onipresente
Eu não conhecia aquilo tudo
E não era onissapiente
Eu nada podia frente
Aquela imensidão
E não era onipotente
E, apesar de ter sentido
Um amor incondicional
Como se diz de Deus
Eu não o era
Eu era só eu
Eu e só
Com meus pensamentos
E o olhar unido a lua
Ambos refletidos
Na janela do meu quarto.

 
Autor
Brunovieira
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/12/2014 15:29  Atualizado: 15/12/2014 15:29
 Re: A Noite, No Meu Quarto
Era uma noite apressada
depois de um dia tão lento.
Era uma rosa encarnada
aberta nesse momento.
Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a casa perdida
no meio do vendaval;
imensa, a linha da vida
no seu desenho mortal;
imensa, na despedida,
a certeza do final.

Era uma haste inclinada
sob o capricho do vento.
Era a minh'alma, dobrada,
dentro do teu pensamento.
Era uma igreja assaltada,
mas que cheirava a incenso.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a luz proibida
no centro da catedral;
imensa, a voz diluída
além do bem e do mal;
imensa, por toda a vida,
uma descrença total!

David Mourão-Ferreira,