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GERAÇÕES - PARTE III - CAP. III ( FINAL )

 
GERAÇÕES
PARTE III
CAPÍTULO III ( FINAL )
Foi Maurício T. Ferraz, atual Vice-Presidente da Fundação Mercantil Dagoberto Antunes que, utilizando a mídia do Grupo, fez um pronunciamento em rede nacional no mesmo dia em que Demetrius Antunes fechou a transação que envolvia a transferência do controle acionário para o Governo Americano. O pronunciamento foi ao ar à noite, em horário nobre. Maurício utililizou-se de gráficos, dados contábeis e uma ampla retórica em que mostrava e provava por a+b a razão que levou Demetrius Antunes a concretizar o negócio. A Nação bebia as informações e, em muitos lares, houve derramamento de lágrimas. Não obstante, estavam comprovadas as intensas e urgentes necessidades da transferência do controle acionário. Que Deus abençoasse
as atitudes tomadas. Através do ilustre Vice-Presidente, Demetrius pedia desculpas ao povo e prometia iniciar-se, com o numerário da venda, novos negócios e quem sabe, num longo prazo, investir na abertura de uma nova Fundação.
A notícia pegou a todos de surpresa. Ninguém de sã consciência poderia imaginar as dificuldades que Demetrius vinha enfrentando ultimamente. Para muitos, foi até um ato de heroísmo e inteligência, especialmente para os entendidos em negócios, porque percebiam, pelo que foi
mostrado, que as dificuldades poderiam ter consequências graves, como a total perda do patrimônio sem que houvesse qualquer ressarcimento em troca. O povo chorou, lamentou, porém compreendeu que não havia outra saída.
Na manhã seguinte, Demetrius chegou acompanhado da mulher, dos filhos e dos assessores mais diretos ao cartório, onde assinaria a transferência e receberia os valores que concretizavam a transação. Foi assediado pela imprensa, porém em nenhum momento se
disponibilizou para qualquer esclarecimento a mais. Tudo ali naquele cartório se resolveu e o numerário depositado em sua conta foi instantâneo.
Logo estava em casa, rodeado da mulher e dos filhos.
- Vamos arrumar nossas malas. Iremos fazer uma longa viagem e, no retorno, pensar como serão nossos novos dias. – Informou Demetrius.
Em companhia da família viajou. Visitou muitos países europeus, foi ao Oriente Médio, à Oceania, menos aos Estados Unidos. Levou dois meses só passeando e conhecendo lugares e pessoas. No início de fevereiro do ano seguinte estavam de volta e recomeçariam a existência. Tivera tempo mais do que suficiente para refletir, dialogar com a esposa e os filhos e decidir como investir. Buscou inteirar-se dos negócios, das bolsas de valores e da situação das empresas.
Tomou conhecimento através de suas buscas, que famosa rede de organização bancária estava em sérias dificuldades pecuniárias. A rede tinha agências espalhadas por todo o território nacio- nal e algumas filiais no exterior. Tomou banho, vestiu-se impecavelmente e se despediu dos familiares.
- Aonde você está indo, Demetrius? – Perguntou Fábia, sua esposa.
- A São Paulo. Daqui a uns dias estarei de volta. Leia isto aqui e você entenderá o motivo de minha jornada. – Afiançou Demerius.
De fato. Passou apenas seis dias fora e voltou como Presidente do Conselho de Administração da referida rede bancária. Seu tiro dera sorte, pois, com a sequência dos messes, a organização começou a dar lucros impressionantes, a ponto de, no mesmo ano, Demetrius investir na aquisição de importante rede de hotéis, com matriz no Rio de Janeiro e filiais espalhadas pelas mais badaladas cidades do mundo, incluindo New York, Londres, Paris, Madrid, Lisboa, etc.
Os bons tempos estavam a fazer parte dos Antunes. Os gêmeos cresceram, ambos se dedicaram a estudar e se formaram em Administração de Empresas, isto porque Demetrius necessitava de
maneira urgentíssima dos serviços e abnegação dos mesmos. Esqueceram-se daquelas relações íntimas que haviam em si em relação a Ricardo Leitwig. Na cabeça deles, aquilo fora coisa de adolescência, em que, muitas vezes, de tudo se quer conhecer e decidir-se por qual caminho da vida trilhar. Ambos se formaram aos 20 anos e, aos 22, conheceram um par de gêmeas em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde se casaram e estabeleceram residência, devido aos interesses
das empresas da família. Tiveram muitos filhos, dois casais, cada casal. O futuro e a descendência estavam garantidos para darem prosseguimento aos negócios que passavam, de geração a geração.
Demetrius abriu uma nova fundação para controlar os
empreendimentos: Fundação Antunes Pais & Filhos. Um conglomerado de vinte empresas já estavam agregadas ao novo patrimônio.
Demetrius Antunes viria a falecer aos 89 anos e, Fábia, sua mulher, aos 85. Os gêmeos conseguiram ultrapassar a barreira dos 100 anos.
Hum... Mas é importante frisar que, coincidência ou não, com a venda da Fundação Mercantil Dagoberto Antunes algo não mais aconteceu: repentinamente, cessou, de vez, a terrível herança biológica que se alastrou dentre os jovens Antunes. Da descendência de Miguel e Cláudio não se teve mais notícia de fatos concernentes à referida problemática.
FIM

C O M E N T Á R I O
Um dia começou-se do nada. Aos poucos e, progressivamente, o nada se transformou em tudo.
Às vezes se fica a pensar como determinadas pessoas, as quais, nada aparentam ter, de repente se mostram possuidoras de talentos que as fazem buscar a vitória e a conquistarem todos os ideias. Nada é questão de sorte... sorte tem quem luta, quem desbrava os caminhos e trilha as veredas do sucesso que são imantadas pelo amor ao próximo, pelo respeito, pelo desprendimento e pelo senso de justiça. Quem nada consegue, não é porque tenha sido invadido pela azar...
Azar simplesmente não existe... O que há é a falta de interesse pela vida, o que há é o “olho gordo”, que se compraz em desejar o que é alheio e não vai em busca da realização de objetivos próprios, conquistados mediante a faina limpa, justa e cristalina.
Hum... há também determinados aspectos no ser humano que carecem de uma explanação mais evidente... Como se explicar a hereditariedade? Os genes de Beto Antunes foram passados a todas as gerações de sua família e todos os jovens, exceto Otávio, provaram do sexo com o mes-
mo sexo, todavia mais tarde retrocederam e levaram vidas bipartidas até determinados pontos de suas existências, quando, repentinamente, romperam e seguiram pelas vias do que é considerado normal... Mas o que é normal? O que é anormal? Pode o amor existir em relações que não sejam as tradicionais? Ou o que ocorre é enfermidade biológica que, em alguns casos como na história, consertam-se com o passar do tempo?
Que fiquem estas reflexões, amadurecidas pela observação do que é a vida, mas que ainda estão imaturas, precoces e carentes de uma análise mais profunda e consistente e que dê ao ser humano a possibilidade do conhecimento total de si mesmo e do cotidiano que o rodeia.
Obrigado!
Ivan de Oliveira Melo

 
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imelo10
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