Poemas : 

Riscos de vidro

 


aproveito-me do tempo enregelante
pra numerar os riscos da chuva
mapeando a vidraça

cada gota que escorre desenha
um pouco do que tenho
que aprendi das bocas alheias
algumas consanguineas
com os talhes da minha
soletrando direções
para onde deveria seguir

a dúvida também é chuva
afogando minha existência
questionando quem seria eu
se a estrada onde vago
tivesse sido aberta somente
com minha ideias

quem seria eu sem o interferir
dos espiões despistando
alma minha selvagem
do que era pra ser

tamborila mais forte a chuva
na vidraça
desmanchando o mapa criado
para confundir

a chuva lá fora cumpre a própria sina
enrodilhada fico eu sem descobrir
a minha




Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

Open in new window

 
Autor
MarySSantos
 
Texto
Data
Leituras
842
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
16 pontos
4
2
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Jovina
Publicado: 24/02/2015 08:27  Atualizado: 24/02/2015 08:28
Colaborador
Usuário desde: 23/09/2012
Localidade: Salvador
Mensagens: 537
 Re: Riscos de vidro
Em meio a memórias e dúvidas
a poeta procura novos percursos.
No diálogo com a natureza, utiliza
a chuva como metáfora e experiência
para descobri-se ontem e no presente.
Belíssimo poema.
Jovina


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/02/2015 13:32  Atualizado: 24/02/2015 13:32
 Re: Riscos de vidro
eis aqui um cálice de boa poesia. resta sorver devagar. parabéns, Maria

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/02/2015 14:00  Atualizado: 24/02/2015 14:00
 Re: Riscos de vidro
…E as aves do céu se calaram para te ouvir cantar, poesia!

Beijo, Maria