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Num tapete de água [poetas austríacos] (Thomas Bernhard)

 
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Num tapete de água

vou bordando os meus dias,

os meus deuses e as minhas doenças.


Num tapete de verdura

vou bordando os meus sofrimentos vermelhos,

as minhas manhãs azuis,

as minhas aldeias amarelas e os meus pães de mel amarelos também.


Num tapete de terra

vou bordando a minha efemeridade.

Nele vou bordando a minha noite

e a minha fome,

a minha tristeza

e o navio de guerra dos meus desesperos,

que vai deslizando pra mil outras águas,

para as águas do desassossego,

para as águas da imortalidade.

Thomas Bernhard (1931-1989), poeta austríaco.

Versos Transcritos de Thomas Bernhard, Na Terra e no Inferno, tradução e introdução de José A. Palma Caetano, Assírio & Alvim, Lisboa, 2000. (Fonte: http://viciodapoesia.com/2015/02/07/a ... oesia-de-thomas-bernhard/)

Imagem: Pierre Auguste RENOIR, mulheres remando no Rio Sena.
Imagem: Pierre A. RENOIR, remando no Rio Sena.
 
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AjAraujo
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