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O amor suporta infortúnios nas mãos do amado [poesia Sufi] (Jalaluddin RUMI)

 
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Através do Amor, o que é amargo parece doce,
Através do Amor, pedaços de cobre transformam-se em ouro.
Através do Amor, a borra vira puro vinho,
Através do Amor, as dores são como bálsamo.

Através do Amor, os espinhos se tornam rosas,
Através do Amor, o vinagre vira vinho doce.
Através do Amor, o pelourinho se transforma em trono,
Através do Amor, um revés da fortuna parece boa sorte.

Através do Amor, uma prisão parece um jardim de rosas,
Sem amor, um jardim parece uma grelha cheia de cinzas.
Através do Amor, o fogo ardente é uma luz agradável,
Através do Amor, o Demônio se torna uma "huri".

Através do Amor, pedras duras tornam-se macias como manteiga,
Sem amor, a mole cera se transforma em duro ferro.
Através do Amor, a tristeza é como alegria,
Através do Amor, os vampiros se convertem em anjos.

Através do Amor, ferroes são como mel,
Através do Amor, os leões são dóceis como camundongos.
Através do Amor, a doença é saúde,
Através do Amor, a ira é como misericórdia.

Através do Amor, os mortos ressuscitam,
Através do Amor,o rei torna-se escravo.
Mesmo que te aconteça uma desgraça, considera um cuidado;
Olha bem aquele que te causa esse percalço.

A vista que contempla o fluxo
e o refluxo das coisas boas e más
Abre para ti uma passagem
do infortúnio para a felicidade.

Vês, portanto, como um estado leva-te a outro,
Um estado oposto gerando seu oposto em troca.
Se não sofreres temores depois de alegrias,
Como podes esperar prazeres depois de desgostos?

Enquanto temes a condenação do anjo da esquerda,
Os homens esperam a bênção do anjo da direita.
Que possas ganhar duas asas! Um pássaro só uma asa
É impotente para voar, ó bem intencionado!

Permita-me agora me calar de vez,
Ou dá-me licença para explicar toda a questão.
E se não gostas disso e excluis aquilo,
Quem pode dizer qual é o teu desejo?

Deves ter a alma iluminada de Abraão
Para veres as mansões do Paraíso no fogo.
Passo a passo, ele ascendeu para além do sol e da lua,
E não ficou para trás, como corrente que tranca uma porta.

Uma vez que o "Amigo de Deus" ascendeu acima dos céus,
E disse: "Não amo a deuses que se põem",
Então esse mundo do corpo é um viveiro de concepções errôneas
A todos os que não escapam da luxúria.

Rumi, Jalaluddin (1207-1273), poeta, téologo, jurista e místico sufista persa. In: Masnavi, ed. Dervich. p.105

Imagem: RUMI
 
Autor
AjAraujo
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