Poemas : 

Criança Morta / Releitura Poética/ Niaxe Augusto

 
Criança Morta / Releitura Poética/ Niaxe Augusto
 


Em pleno crepúsculo minh’alma debruça-se no deserto,
U sentimento paira sobre a minha família trazendo-nos o Orco de nossa miserável realidade,
As lágrimas brotam de nossas áridas faces e se misturam ao solo desértico do sertão.

Oh meu filho... Agora tu se tornarás berço tábido de vermes,
Tão jovem tu partirás desta proterva existência,
Anelo que tenhas fartura em sua próxima vida,
E que não partilhes de nossa miséria novamente.

Ígneo espírito ofuscado pela morte,
Mantenha a tua rutilancia mesmo no outro mundo,
Não permitas que a solitude das trevas o preencham,
Soturno viverei sem o fastígio de tua presença,
Talvez estaremos juntos no próximo solstício,
Descanse eternamente em meus braços,
Minha criança morta.
(Niaxe Augusto)

Vocabulário:

Orco: Inferno.
Tábido: Podrido.
Proterva: Insolente.
Anelo: Desejo.
Ígneo: Chamejante, como fogo.
Rutilancia: Esplendor, Brilho.
Solitude: Solidão.
Soturno: Tristonho, Triste.
Solstício: época do ano em que o Sol incide com maior intensidade em um dos dois hemisférios.
 
Autor
NiaxeAugusto
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/04/2015 13:28  Atualizado: 27/04/2015 13:28
 Re: Criança Morta / Releitura Poética/ Niaxe Augusto
Útil, o glossário. E tive ainda de ir procurar fastígio ao dicionário. É belo que a língua se mostre tão viva num poema sobre a morte e seus versos ressuscitem palavras esquecidas para saudar a despedida da vida mais querida.
Abraço