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A Mão Direita do Diabo Parte 6

 
- Agora Orfeo, é necessário que se dirija para o norte, próximo aos campos pantanosos da charneca de laureal.
- Não é lá onde brota o fogo eterno?
- Sim. Há muitos anos que o carvão embaixo de laureal arde sem parar, tornando aquela terra inóspita para qualquer ser vivente.
- Inclusive pra mim Zack...
- Inclusive para você Orfeo – Zack riu. – E é por isso que deverá, antes de mais nada, seguir para o lago do esquecimento, e pegar a pérola de Lábara dentro do ídolo de pedra e trazê-la para mim.
- A terra fria e o seu lago congelado?
- Sim, Orfeo. Dois extremos extenuantes e tão próximos, como as faces de uma mesma moeda. Em Laureal o fogo arde sem cessar, e o fumo sobe enegrecendo o céu e sufocando os aventureiros. E no lago do esquecimento a paisagem branca e o seu frio cortante petrifica quem de lá se aproximar. E é por isso que te envio, pois os dons dados a você lhe permitirão seguir em frente.

Há muitos anos, um meteoro caiu nas planícies de Laureal, e o seu impacto acendeu as jazidas abundantes de carvão embaixo do seu solo, criando uma reação em cadeia que nunca mais cessou. Logo, a paisagem verdejante se transformou num imenso e triste solo negro e rachado, sangrando a fogo, e a incessante fumaça que subia bloqueou os raios de sol que da manhã até a tarde banhavam com o seu calor as terras do lago, congelando-as por muito tempo. Dentro do lago ficou preso uma imensa estrutura de pedra, que um dia fora chamada de “titã de Agharta”, e que guardava com ele uma joia, chamada de “Pérola de Lábara”. Esta pedra é a chave para uma terra antiga e há muito esquecida, e que agora Zack encarregara Orfeo de buscá-la. O titã está lá, preso dentro do lago congelado até a altura do pescoço, guardando a sua preciosa joia, como um pequeno cérebro dentro de sua cabeça que é maior que uma casa. Dizem os mais antigos, que os contos lhe diziam que aquelas criaturas alcançavam a incrível altura de setenta metros! Mas como o gigante atolou-se no lago congelado, deixando apenas a cabeça de fora, Orfeo não terá trabalho para tomar lhe a joia...
E assim partiu Orfeo naquela estranha tarde, para cumprir o seu destino mais uma vez. Ele não podia reclamar, fora sua própria escolha. Mas a cada jornada que fazia, em cada aventura que tomava parte, crescia dentro dele um gosto enorme por suas peripécias. Jamais sentira-se tão útil, e nem mesmo estranhava que essa utilidade vinha do diabo em pessoa. E por mais estranha que tenha sido a sua senda até aqui, em nenhum momento desgostou daquilo a que foi mandado fazer, pois em nenhum momento teve que matar, destruir ou prejudicar um ser inocente sob este mundo. Não parecia a ele estar recebendo ordens do diabo, embora tenha ele se esquecido de que o próprio diabo fora um anjo um dia. Que caminhos estranhos o esperam? Ele sentia que em nome do mal estava fazendo um grande bem... E que mundo estranho é esse, em que muitos em nome do bem, fazem um grande mal!? Orfeo talvez estivesse prestes a descobrir. Mas antes disso ele deveria cumprir mais uma missão. Atravessar um inferno de gelo e fogo na própria Terra, e trazer para Zack a pedra de Lábara...
Que os anjos estejam com você Orfeo! Todos eles...


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London
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