Sonetos : 

Loucura

 
vomitei a dor da impotência
castiguei minh'alma
sobre a vontade de fazer
sem poder

frustrei-me diante da vida
na flagrância da minha ignorância

não gozei da liberdade
fingida e esgotada
pestanejei diante da impotência
chorei pelas correntes impostas
bravejei diante do mundo

e tudo q sobrou foi a vergonha
e a caridade de quem esteve do meu lado
meu egoísmo me mostrou que nada posso e nada poderei

o tempo passar e me arrasto
migalhas são jogadas
mendigo um pouco de qualquer coisa

e tudo que restou foram cacos
pedaços de um coração
choro de criança
ecos de solidão

por mais absurdo que pareça
a composição não veio
foi sugerida e me enganou
pela escolha que cravou meu corpo perante a cruz.

Sua loucura inconstante
revela quem tu és
a todo instante, dia e noite
frio e calor

o vício revela a realidade
e aí lá vamos nós outra vez.
a mesma história
a fuga e o desespero
a covardia e o preconceito

os cabelos caem
e os olhos não veem
que a idade massacra
e a solidão chega

é tudo a mesma coisa
a insatisfação e o desalento
as lamentações pelo gueto
e ela aparece sorreteiramente
chamando com um olhar macabro
e sedutor, o último suspiro

a loucura gera tudo que você gostaria de dizer e fazer e que tudo levará apenas a um único fim
o fracasso.

diante da dimensão social que nos rodeia
na cidadela magra dos sonhos
e tudo é um magnífico pesadelo

que um dia deixei de sonhar
para viver
e encarar a vida
dentro da loucura que finjo acreditar

e então acordo e bebo do mel
que foi deixado à minha porta
fingindo crer que a tudo é belo
para fingir que sou feliz

estou insano, concordo com sua razão
estou perdido, concordo com sua conclusão
estou no mesmo lugar
que você deixou guardado pra mim no seu coração.


 
Autor
Charlie
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