Sonetos : 

soneto do perro atamacado

 
“ Como almas duas lívidas, que entraram
Nuas correndo, os dentes amostrando,
Quais cerdos, que à pocilga se esquivaram.
Uma alcançou Capocchio e, lhe cravando
No colo as presas, rábida, arrastava
Sobre o ventre na rocha o miserando.”

A Divina Comédia - Inferno - Canto XXX


Cainha ascoso perro, nauseabundo e abjeto berre acuado!
Anódino mastim! Vociferante enquanto a caravana passa,
propale vulgaridades tais contaminando tudo ao seu lado.
Não me nivelo! Não bebo pútrida lama como os da sua raça!

Ladra medíocre biltre atamacado de pífios versos tomado,
sou como o árabe altivo, a tez curtida e albornoz ao vento;
não repercutem palavras chués de relambrório abarroado.
Sigo a senda, da inspiração que recebo, os versos alimento.

Reles proceder fúfio reflete o material de que foi cunhado,
nessa infecta lama do marnel sugada é que vegeta o infame.
Debalde calúnias, rompo ereto; não terei o brio vituperado.

Na vereda lanço o buco ruminado do qual tirei a inspiração,
roa os sobejos e deles tente arrancar um só válido estame,
se essas presas podres que lhe ornam servirem à ruminação.



.
.
.
.
.
.
.
.

[ nas migalhas procure uma réstia


.
.
.
.
.
.
.
.
talvez encontre algo que valha

.
.
.
he he ]

 
Autor
shen.noshsaum
 
Texto
Data
Leituras
431
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.