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LUSCO-FUSCO

 
Tags:  SONETOS 2015  
 
LUSCO-FUSCO

A partir da duodécima hora, quando
O sol por trás das serras vai se pondo
E ao crepúsculo zoa o marimbondo
Alegre porque o dia se acabando...

Então a passarada vejo em bando
N'uma algazarra vã a que respondo
A rir como se rir um luar redondo
Eu fizesse surgir enquanto ando.

Talvez desencontrasse o extremo, aonde
Eu ia enmimesmado e só ainda,
Certo de que a alegria se me esconde.

Mas -- exacto por isso! -- fosse linda
Essa aura lilás por quanto me sonde,
Porque em melancolia o dia finda.

Betim - 03 09 2015


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 04/09/2015 10:55  Atualizado: 04/09/2015 10:55
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4863
 Re: LUSCO-FUSCO
O aspecto técnico mais interessante desse soneto é o uso de rimas de sonoridade muito próxima, anasalada. Os quartetos, por exemplo, são praticamente monorrímicos, o que costuma a deixar o poema monótono, linear. Por outro lado, isso permitiu um foco maior no paradoxo do fenômeno LUSCO-FUSCO: a um só tempo, dia e noite e nenhum dos dois propriamente. O rápido intervalo em o sol se põe e a lua nasce é celebrado com festa pelos pássaros e pelos insetos.

Em tempo: 12° hora conforme o modo romano antigo de se marcar as horas, não o atual.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/09/2015 15:16  Atualizado: 04/09/2015 15:16
 Re: LUSCO-FUSCO
*tua escrita é um primor!
admirável teu zelo e esmero na criação, te apropriando e utilizando a teoria...mesmo assim trazendo emoção ao leitor.
alguns dizem que a métrica torna 'chato' ou 'monótono' o poema, e tua sensibilidade aliada ao conhecimento trazem ricas composições.
abraço
k*