Vou embora
Bato a porta
Janelas encostadas
Adeus sonhos
O caminho machuca
Machuca mais a alma
Meu orgulho da cor da carne.
Quero amar e não sofrer
Quero que olhem para mim
Que me vejam
Canto a música do sangue
E sozinho sigo para canto algum
Quem me aceita?
Onde ser digno?
É cansaço de tanto pranto.
É sede de viver minha vida.
E nem olhar para trás posso.
Jovem, junto a água um pouco de afago.
Senhor, peço que não resista ao silêncio...
Falem comigo!
Morro agora e não sabem meu nome.
Levo comigo uma história.
Dentro de mim resistem batalhas.
Sou um dos dedos da sua mão.
Sou um nó entre seus fios.
Sou a coceira do esquecimento.
E você só me observa passar.
Como a um vento, procuro minha liberdade.
O desconhecido da fome, fome de casa, fome lar.