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Sofia sorrindo antes do fogo celestial do amanhecer

 



A noite, era contada a história do velho pescador, como um mesmo conto de fadas recontado inúmeras vezes sem repetir qualquer detalhe. Por isso, mesmo brincalhão Grimauld já havia se acostumado a ver milagres. Sabia que era sempre assim. Primeiro, a vida nos fascina, o calor aquece o coração de cada um dos presentes a despeito do historiador ter em mente que a distancia dos portos de areia é grande. Mas não deixa de ser pitoresca essa aventura que anima a imaginação.
“ Vá em frente, cocheiro, ainda estamos a 50 quilômetros de distância”, disse Grimauld, já antevendo que havia algo de errado. Três quilômetros já haviam sido percorridos pela via elevada atravessando as florestas de pinus sem que diminuísse a distância. Milhas a frente, já defronte ao antigo castelo, Sofia estava contente com a fama e o sucesso de sua cafeteria dançante, com o coração nitidamente disparado sobre os montes de detritos espalhados. Isso não deixou de ser assunto preferido nas rodas de pôquer de seus antepassados. Lábios fechados e justos transmitidos aos descendentes. Cuidadosa, observou:
“ _ Aqui é a rua, mas a catedral não fica aqui. Todos os lugares parecem iguais quando a idade passa como voo de caleche na estepe gelada puxada por seis huskys siberianos. “
Ela estava certa do que dizia. Correu sem destruir as áreas verdes cuidadosamente preservadas e fiscalizadas pelo departamento de parques e jardins da região, com mais de seis pilares e um enorme sino. Mas, ela estava em frente aos vapores que fluíram por debaixo das pesadas portas com gonzos bem azeitados pelo mordomo corcunda. Sem Quasímodo por alí, sabiam que poderiam brincar e se divertir sem se preocuparem com a imortalidade dos heróis contemporâneos. Mas, Sofia estava algo triste com o passado de Grimauld. Sabia que ele não havia sido o responsável pelo descarte de toda aquela roupa velha espoliando o baú da bisavó. Estavam um diante do outro como os fios de cabelo cinza confrontavam os ainda não nevados pela idade do imortal, quando o tempo passou, para glória e florescimento dos flagelos adequados a ângulos de 45 graus com as antiguidades, e as cinzas passaram a ler o diário de Ane Frank sem óculos de alcance.
“ _ Parece que aqui não ouviram os conselhos das tempestades.” disse Grimauld.
Ao que Sofia emendou: “- Para irmos ao tribunal precisamos levar a cruz encarnada. O homem que amola espadas é vizinho do tecelão sueco e ambos são orgulhosos dos tributos rendidos. Diga-me se puder, onde estarão nos dias atuais? “
Então, saíram todos na busca do preguiçoso deixando o resto da vida a cargo do homem de gravata e seu misterioso terno de risca de giz. Cansados que estavam, estavam ansiosos pela hora do chá com torradas, ocasião em que poderiam sentar-se na confeitaria e apreciar os carros passando no viaduto inacabado.
Meio chorosa, balbuciou: “ - Ninguém apertou minha mão. nem me acariciou com saudações efusivas. As palavras são como obras de arte quando concisas e involuntariamente saem da boca. Se bem que confesso que as almas não podem ser aquecidas no calor do fogo fátuo.”
Pobre Sofia. Ao comparar a amizade com os caminhos vazios, viu que não havia felicidade para as almas dos ricos e nem para quem confiasse em pessoas dispersas. A tristeza era sublime, mas tinha orgulho do desapego aos corações enfileirados no balcão do supermercado. O fogo celestial do amanhecer não estaria sorrindo e nem seria elogiada pelos bedéis da turma da manhã.



 
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FilamposKanoziro
 
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