Então: crianças, mulheres e homens hão de dar as mãos
Pense num ponto distante
Onde aponta seu coração,
Pense num conto desafinado
Chamado liberdade, um novo lugar
Pense na conta errada das raças
Crianças desatinadas, corações divididos
Da Síria, do ponto da partida, da fonte de sangue
Pensa e conta-me que passas dentro de te, criança
Agarrada, retalhada na cerca da esperança
Que mundo surdo, que homem mudo, cheio de tanto vazio
Crianças sangrando, crianças esquecidas nas águas
Que mundo todo mudo: ouvido surdo, todo mudo e surdo
Sem a linha da esperança, sem lugar, um destino alinha pessoas
Nem mesmo o poder da escuridão dos homens,
Nem mesmo o poder da distância das raças,
Nem mesmo o poder da ignorância dos líderes e o peso do poder em si
Nem tentem matar nossas crianças, nem tentem esconder o amor
Da escuridão há de brilhar um sol
Da distância há de se fazer o lugar do encontro, porto seguro
Da ignorância, da prepotência, há nascer um grito de paz
Então: crianças, mulheres e homens hão de dar as mãos
E numa cantiga de roda, irão comemorar a paz, a vida, um lugar de todos!
José Veríssimo