Sessenta e quatro quadrados,
Decorados a batalhas galantes
De sangue derramado, falso,
Com esta culpa de ninguém.
Um quarto de soldados
Homens sem alma, ignorantes,
Filhos de um percalço
E pais de um alguém.
Quatro blocos empedrados
Compostos em jeito, elegantes,
Por um pedreiro pobre e descalço
Sem futuro ou vintém.
Guardiões de gentios cavalgados,
Certo dia agoirados infantes
Saídos de um cadafalso
Por terem proferido o amém.
Curas canalhas e empertigados
Enfeitados de diamantes,
Enriquecidos a pulso
Pela pobreza do além.
Dois velhos reis mal amados
De olhos e vozes arrogantes,
Enrugado sorriso avulso,
Infeliz, que nada tem.
Damas de destinos traídos,
Meretrizes e ruins amantes
Que se entregam num impulso
Em braços mortiços de quem não vem.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma