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No meio do sonho
havia uma pedra.
No meio do sono
a vida entre o sal,
o sol e a terra.
Pássaros cantavam
entre as folhas...
Vestiam o vento
de Minas Gerais.
O poeta lia poemas
escritos nas pedras
e no muro da casa.
Na primeira manhã,
homens costuravam
a bandeira do divino.
Nas sombras, fantasmas
transportavam ouro e aço.
Encontravam meus olhos
o olhar do Drummond.
O eco dos poemas
desbotava camisas.
As asas dos anjos tortos
enroscavam-se no tecido
das horas, cortavam-se
na lâmina dos punhais.
Ouvíamos sussurros
nos lábios da moça
descendo a escada.
O poema escreve-se
debaixo das lâmpadas
e atrás das portas.
Viaja no azul,
abrem os olhos
dos vaga-lumes.
Há protestos nas salas
sem ouro e sem velas.
No chão de pedra e sal,
quebram-se os terços,
silenciam as rezas.
Poemas em ondas deslizam nas águas.