Poemas : 

Soneto do nada sabia sobre tempestades

 



Minha mãe também vira próxima a tempestade,
mas, sabia que o sol volta a brilhar; adulta era.
Então, eu criança não portava aquela sagacidade,
assustava-me toda procela sobre a nossa tapera.

Porque do espólio do pai ausente não houve solar,
coube a mim aquela simples morada, quase casebre
havia ali muitas bocas famintas para ela alimentar,
sobressaltos tantos quando alguém ardia em febre.

Hoje, maduro e com a pele calejada pelos embates
havidos ao longa da lida medida nesta cruenta vida,
sei que sempre amanhecerá como manto escarlate.

Pois o sol nasce mesmo para aquecer os cadáveres
- há os não verão outro arrebol, primavera florida,
sucumbiram sem um pai a fornir tantos precaveres.

 
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ReflexoContrito
 
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Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 12/11/2015 04:55  Atualizado: 12/11/2015 04:55
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: Soneto do nada sabia sobre tempestades
"o sol nasce mesmo para aquecer os (que) sucumbiram
nesta cruenta vida
porque do espólio não houve solar
(apenas) procela sobre a nossa tempera
sei que sempre amanhecerá como manto escarlate". Interessante este soneto, este regresso à dureza da vida, ao recordar, mãe, tempestade, sol que volta a brilhar. Obrigado.

Agradeço-te

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/11/2015 10:53  Atualizado: 12/11/2015 10:53
 Re: Soneto do nada sabia sobre tempestades
Hoje sinto uma leveza no que li aqui,apesar ainda da forte camada de informações direcionadas para várias vertentes.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/11/2015 18:13  Atualizado: 12/11/2015 18:13
 Re: Soneto do nada sabia sobre tempestades
Suas letras me encantam com ou sem reflexo.
Abraços