Prosas Poéticas : 

A dívida (ou seria: a dúvida?)

 
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Havia uma dúvida, de quem seria a dívida?
Houve um silêncio sepulcral, só quebrado pelo vento no varal.
Cada qual olhava para o chão, como a procurar perdido botão...
Alguém preparara um café, e servira com xícaras de porcelana até.
O livro caixa estava aberto e cada qual na mesa boquiaberto.
Afinal havia uma dívida - já adiantara o contador -, quem cobriria o buraco na herança?
Após muitas rodadas de discussão culparam o finado, uma conveniente solução.
Levantaram-se todos a um só tempo, o inventariante fechou o livro preto, mas nem todos trajavam luto.
Todos se retiraram impacientes, na manhã seguinte retornariam para o desfecho final da história.
Após acontecerem terríveis pesadelos, decerto houve sentimentos de remorsos por parte de todos, afinal só se interessaram pelo cidadão quando este jazia morto.
No outro dia, a florista não entendia, porque tantas flores comprara aquela família, dias após consumado o enterro.
Enquanto isso, os coveiros riam à toa, era de se indagar o porque desse súbito humor à beira da cova?
Só o finado poderia explicar a razão deste súbito contentamento, ainda que respeitoso dos coveiros.
Mas - acredito - que o finado curtia feliz esta vazão.
Mas afinal o que sucedera?
Que fato surreal acontecera?
O fim da história os leitores querem conhecer logo, calma, pessoal!
A dívida era apenas um rombo no bolso do terno, onde o finado colocara promissórias ao alcance dos coveiros para serem liquidadas.
E aí, como souberam da trama os coveiros?
Acho que a dúvida continua, quais seriam as hipóteses para você ajudar estes desesperados herdeiros?
Semanas passaram e os coveiros se tornaram donos de uma funerária, e alguns dos "herdeiros" acabaram indo trabalhar
para eles, e conta-se que algum deles resolver ser coveiro, pois passou a desconfiar que alguma coisa acontecia entre os mortos
e seus "zeladores" de covas que lhes transformava, de uma hora para outra, em pessoas ricas.

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 3 de dezembro de 2015.
 
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AjAraujo
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Enviado por Tópico
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Publicado: 03/12/2015 13:00  Atualizado: 03/12/2015 13:00
 Re: A dívida (ou seria: a dúvida?)
a vida é mutante e aleatório a troca de poder.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/12/2015 20:35  Atualizado: 03/12/2015 20:35
 Re: A dívida (ou seria: a dúvida?)
Algo se coloca nos sentidos da vida onde as cores mudam numa constante.

A morte é aquele momento que dela ninguém escapara

belo poema