Poemas : 

Escrevo poemas no olhar das pessoas

 
Diz-me o copo que levas à boca
Que a força é uma dor por sentir
E que o corpo quer-se assim, anestesiado
Omisso do tempo.

Segreda-me o cigarro que queima entre os dedos
Os dias são repetições anunciadas
Derrotas sobre derrotas no peito acumuladas

E o futuro, é um déjà vu por acontecer.

Mostram-me os olhos o cansaço impresso na alma
Páginas de vida ou uma resma de folhas em branco
Onde são outros que ditam o que podes escrever
O que deves viver.

Escrevo poemas no olhar das pessoas...
E querem-te o corpo assim, anestesiado
Omisso da luta
Porque o futuro, é mais um déjà vu por acontecer.


Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.

 
Autor
silva.d.c
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1001
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
20 pontos
6
3
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 11/12/2015 05:12  Atualizado: 11/12/2015 05:12
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: Escrevo poemas no olhar das pessoas
"Omisso do tempo
o que deves viver
anestesiado" e não posso deixar de referir o título "escrevo poemas no olhar das pessoas", ou "Segreda-me o cigarro que queima entre os dedos" que dariam mais uns poucos de poemas. Bravo.

Obrigado.

Agradeço-te


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/01/2016 12:55  Atualizado: 01/01/2016 12:55
 Re: Escrevo poemas no olhar das pessoas
**FELIZ E ABENÇOADO 2016********
abraçoka*


Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 17/07/2016 19:35  Atualizado: 17/07/2016 19:35
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: Escrevo poemas no olhar das pessoas
Escreves, contrariando o corpo que se quer “anestesiado”, “omisso do tempo”, “omisso da luta”.
Escreves, porque as páginas da vida são uma “resma de folhas em branco” e o que os outros ditam pouco importa quando a brancura do papel se expõe ante o teu olhar perscrutando as múltiplas possibilidades do mundo.
Escreves, para tapar o “cansaço impresso na alma” porque, se os olhos são o seu espelho, é a página o seu reflexo.
Escreves, apesar das “derrotas sobre derrotas”, já que, se as “repetições anunciadas” fazem parte da vida, por que razão não repetir o gesto da escrita segredando nele “o cigarro que queima entre os dedos” e o “copo” que se leva “à boca”?
É no quotidiano que a força é dor e a dor é força, e mesmo que o futuro seja um déjà vu por acontecer, nunca se saberá que déjà vu será, nem que poema se fará inspirado nele.
Escreves, sim, porque há matéria que se quer fazer poema nas tuas mãos.