Poemas : 

A Cena

 
As sombras que vagam no palco vazio
ainda murmuram solenes
os últimos trechos da grega tragédia
de tanto antes e de tanto agora.

Homens indefinidos buscam mulheres indefinidas,
mas o tempo já não os permite,
pois as cortinas há muito foram abaixadas
e apenas o silêncio ocupa as poltronas
que um dia os assistiram.

E, ainda assim, nalgum canto,
alguma máscara recita o que sentimos
e não sabemos dizer.



Lettre la Art et la Culture


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FabioVillela
 
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Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 07/09/2016 07:23  Atualizado: 07/09/2016 07:23
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: A Cena
Um poema que nos leva para os grandes temas debatidos por um Ésquilo, um Sófocles ou um Eurípides
que tomavam de assalto os seus espectadores com a intensidade das falas das suas obras (e ainda nos tomam, dada a sua intemporalidade).

“A Cena” repete-se… as sombras de uma Antígona ou de um Édipo vagueiam, incertos, pela nossa memória (incutidos pelos veios da nossa cultura) e, ainda que o palco esteja vazio, murmurarão “solenes” esses trechos que eram verdade na época – e ainda o são.
Na indefinição do que somos, o silêncio parece ocupar as poltronas…
e as cortinas parecem estar bem descidas…
mas, ainda que não os ouçamos como outros os ouviram, existem máscaras que recitam “o que sentimos/e não sabemos dizer”… (as máscaras dessas tragédias que nos dizem como ninguém).