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GUERREIRO URBANO

 
GUERREIRO URBANO

Invasor solitário, insensível...
Monta seu cavalo de aço,
Com pose de intelectual,
Tipo descrito em algum manual cibernético
Que o diz sem alma,
De karma invisível.

Desenganado em dias passados,
Em plena guerra urbana
De difíceis feitos,
Em limusine prateada
De estranha concepção.

Mergulhado em devaneios infantis.
O grande Peter Pan,
Faz seu voto de castidade
Nos braços da prostituta bonita,
Proclama seus mistérios
Nos templos da moda
Nos bares em voga.

Pequeno guerreiro solitário,
De trens superlotados,
De caminhos suburbanos perigosos,
Com o peito muitas vezes covarde,
Grande valente!

Guerreiro urbano cruel,
Chora lágrimas de esperma,
Licorosas, prestimosas, incontidas...
Pela morta na taverna,
Num acidente sensual,
Morte sem final.

Guerreiro urbano
Escondido na fantasia de três dias,
Sorri no sonho de rei das ruas.

Guerreiro do comum,
Suporta no estômago,
Um dia como outro também.
Dias esvaindo seu ser
Em hemorragia de sonhos,
Na insuportável dor da insignificância
Da carne,
Da impotência das idéias,
Da incompreensão do tempo.

Guerreiro urbano,
Molambo humano,
Esquecido na porta de casa,
No banco de praça.
Ao relento de uma era
Que não lhe pertence.
Observador extático,
Perplexo,
De seu próprio fracasso.
Retrato vivo,
Bienal macabra,
Da guerra em que é
A santa, estúpida e cruel infantaria.

Morre sem dor,
Sem amor,
No cuspe teleguiado.
Some na vala funda,
Sepultura coletiva
De fugazes fragmentos humanos.


 
Autor
Frederico Rego Jr
 
Texto
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