Poemas -> Reflexão : 

Da janela

 
As alvas nuvens vadiavam altaneiras
Indiferentes ao matiz empalidecido da tarde
que se ia aconchegando no quase breu
trazido nos braços da noite…

Da janela escancarada aos sonhos,
ela, nostálgica e fascinada,
contemplava a mutação temporal,
enquanto seus pensamentos
tal como as nuvens,
erravam por longínquas paragens
sem rumo…
num navegar sem vela,
deixando-se levar à deriva…
por vezes veloz, por vontade dos ventos
outras, pela acalmia das brisas…

Talvez inconsciente, ela buscasse
um porto de abrigo
onde deixasse de sentir as amarras
a que a solidão a tinha confinado…

A noite finalmente envolveu a urbe
numa escuridão quase tenebrosa,
assim se sentia sua alma
acorrentada a uma tristeza
que, talvez, só a alvorada libertasse.

José Carlos Moutinho


 
Autor
zemoutinho
 
Texto
Data
Leituras
751
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
24 pontos
2
3
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/02/2016 15:45  Atualizado: 29/02/2016 16:09
 Re: Da janela
obrigado pela poesia

Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 01/03/2016 10:11  Atualizado: 01/03/2016 10:11
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8303
 Re: Da janela
Poema repleto de encanto, onde cada verso que se segue é uma fonte de maravilhas que encantam o leitor.

Lindo, adorei-parabéns poeta José.
Abraço!
upanhaca