Prosas Poéticas : 

E depois...o adeus

 
 
E depois escrevi estes versos

no sossego de um dia

murchando devagarinho

reconciliado num adeus,

até depois… tão órfão e peregrino


Foi num espaço decretado

de tempo

que pavimentamos o soalho

da vida

repleto de sedução

caminhando pelas ruelas

da saudade quase desbotada

implorando urgente

uma singela obra de manutenção


E depois…o adeus

despedindo-se dentro de nós

ao desencontro do nada que resta

indiferente à perpétua hora

morrendo devagarinho num recanto

qualquer perdido na fresta

ou no silêncio dos teus prantos


E depois…o adeus

abandonando-me de vez

melindrado

vulnerável

formal

deixando na plataforma deste versos

o som do canto aflito

demorando na despedida

o aperto comovido do adeus

na hora da partida


E depois…o adeus

partindo pra lugar nenhum

demorando a presença do teu ser

esquecido

encontrar o nosso remetente

amenizando as cicatrizes

umbilicalmente abraçadas a estes versos

que deixamos amortecidos

na matriz do tempo

algoz e sem outra directriz


Será apenas só mais fácil

sonhar-te cada noite

imaginar pra lá de um

sumido sonho

o reencontro da vida fecundada

na antecipação de uma lágrima

alimentando cada ciclo de um adeus

onde me aventurei como passageiro

desta saciada existência madrugando

na chama das lembranças eternamente

camufladas

onde me fiz teu fiel hospedeiro

FC

 
Autor
Frederico
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/03/2016 11:20  Atualizado: 10/03/2016 11:20
 Re: E depois...o adeus
Linda, linda poesia!

Gosto musical perfeito!

Um abraço,

Anggela


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/03/2016 12:00  Atualizado: 10/03/2016 12:00
 Re: E depois...o adeus
Gostei e lembro a canção que deu início ao 25 de Abril em Portugal a canção que servia de senha pre estabelecida de que haviam sido tomados os pontos chaves do regime , a emissora nacional e alguns quartéis importantes
"E depois do adeus"

E Depois do Adeus


Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.
"