Sonetos : 

Lágrima caída

 
Habito uma lágrima caída
No rosto da criança que tem fome
Orvalho seco em flor esquecida
Na máquina da vida qu´a carcome.

Assim morro um pouco, cada dia
A dor da impotência me come
Fartura que me dá uma azia
E tanta ela é que me consome.

Mas pobre de mim, quem me deixaria
Partir p´ra afagar quem só se some
Em números sem nome de quem ia.

A roda desta sorte que me tome
Em náuseas mortais e eu morria…
Pudera eu matar-lhe essa fome!

 
Autor
MariaSousa
 
Texto
Data
Leituras
1048
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
9 pontos
9
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
juvepp
Publicado: 27/02/2008 21:40  Atualizado: 27/02/2008 21:40
Colaborador
Usuário desde: 13/04/2007
Localidade: Machico - Madeira
Mensagens: 547
 Re: Lágrima caída
Maria,
O teu soneto tocou-me bastante. Em tempos 2Fartura" que chega a dar "azia", agitar as consciências que existem crianças que passam fome e um acto de coragem e cidadania.
Beijinhos. Parabéns

Enviado por Tópico
Alberto da fonseca
Publicado: 27/02/2008 22:04  Atualizado: 27/02/2008 22:04
Membro de honra
Usuário desde: 01/12/2007
Localidade: Natural de Sacavém,residente em Les Vans sul da Ardéche França
Mensagens: 7071
 Re: Lágrima caída
É o problema da sociedade na qual vivemos, de um lado cada vez mais ricos do outro mais pobres.e esta juventude sofre.
Gostei
Cumprimentos, poetisa
A. da fonseca

Enviado por Tópico
Alberto da fonseca
Publicado: 27/02/2008 22:04  Atualizado: 27/02/2008 22:04
Membro de honra
Usuário desde: 01/12/2007
Localidade: Natural de Sacavém,residente em Les Vans sul da Ardéche França
Mensagens: 7071
 Re: Lágrima caída
É o problema da sociedade na qual vivemos, de um lado cada vez mais ricos do outro mais pobres.e esta juventude sofre.
Gostei
Cumprimentos, poetisa
A. da fonseca

Enviado por Tópico
Gilberto
Publicado: 27/02/2008 22:33  Atualizado: 27/02/2008 22:33
Colaborador
Usuário desde: 21/04/2007
Localidade: V.Nde GAIA-Porto
Mensagens: 1804
 Re: Lágrima caída
Infelizmente, é a realidade que nos rodeia. E como nos sentimos impotentes! Perante a força da miséria e da fome.

Belo soneto!

Beijinhos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/02/2008 23:45  Atualizado: 27/02/2008 23:47
 Re: Lágrima caída - p/MariaSouza
A dor da impotência é que mais dorido torna as nossas reflexões. Ainda que façamos a nossa parte no social, sem renúncias, ainda é muita fome, ainda é muita morte de crianças por causa fome. Seu triste poema, é uma denúncia, um tapa na cara de quem não se consome com esse quadro do cotidiano.

Emocionante, Poeta. Emocionante!

Forte abraço.

José Silveira

Enviado por Tópico
ângelaLugo
Publicado: 28/02/2008 01:28  Atualizado: 28/02/2008 01:28
Colaborador
Usuário desde: 04/09/2006
Localidade: São Paulo - Brasil
Mensagens: 14852
 Re: Lágrima caída p/ MariaSousa
Querida Maria

Se os humanos fossem como
as formiguinhas jamais
existiria fome no mundo
elas trabalham ...trabalham
para que nada falte quando
estiver na estiagem....
Parabéns pelo belíssimo
poema

beijo no coração

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 28/02/2008 19:29  Atualizado: 28/02/2008 19:29
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4038
 Re: Lágrima caída
Obrigada, Amigos.
Por me lerem e também por compreenderem a minha mensagem.

Bem haja a vossa generosidade.

Bjs

Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 29/02/2008 11:32  Atualizado: 29/02/2008 11:32
Colaborador
Usuário desde: 24/07/2007
Localidade: BRASIL
Mensagens: 6868
 Re: Lágrima caída
Olá Maria! Eu diria, aqui tens um soneto inteligente, de forte cunho social. Vive-se na crueldade dos dias, onde uns arrotam caviar e outros; o vazio. Parabéns pela esmerada sensibilidade. Um beijo, Núria.

Enviado por Tópico
jose rafael
Publicado: 02/03/2008 19:42  Atualizado: 02/03/2008 19:42
Novo Membro
Usuário desde: 13/11/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 9
 Re: Lágrima caída
Na agitada vida que vivemos e em que cada um luta "per si" não há lugar para os mais fracos!
Parabéns pela sensibilidade demonstrada! Belo poema!