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Radiografias do Destino

 
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Radiografias do Destino


Intrépido, tomei a resolução,

De emancipar-me das agruras do passado;

Porém tantas encontrei por todo o lado,

Que logo desisti da nobre acção;



Com a mesma intrepidez e devoção,

Venturas idas, busquei atarefado;

Mas também aqui o duro Fado,

Só me quis dar dor e provação;



Resolvi virar-me então para o futuro,

E descobrir qual vidente prematuro,

As delícias lá guardadas para mim;



Tive, porém, de recuar horrorizado,

Pois igualmente como no meu passado,

Só encontrei mágoas grandes e sem fim!







BREVE EXPLICAÇÃO DO POEMA
O tenta esquecer o passado, as agruras do passado. Esforça-se por isso, mas… tarefa inútil! São as agruras que lá encontra em tão grande número, que ele desiste da tarefa. “…Porém tantas encontrei por todo o lado…” . Então o , como que para vingar-se, deixa de procurar as infelicidades e vira-se para as glórias, para as venturas do seu passado. Resultado? Não encontrou as alegrias, as venturas que procurava mas sim apenas dissabores e infelicidades… “…Mas também aqui o duro Fado, // Só me quis dar dor e provação…”. Então o vira-se para o futuro na esperança de lá encontrar alguma felicidade, alguma ventura à sua espera. Mas… também desta vez só agruras, só dissabores, só infelicidades “…Tive de recuar horrorizado…”

Este poema é pessimista. Mas fugirá muito da realidade? Não será a vida uma constante procura de alguma coisa boa que nunca se encontra?





-- Helder Oliveira --
(Helder de Jesus Ferreira de Oliveira)


 
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HelderOliveira
 
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Enviado por Tópico
Juvenal Nunes
Publicado: 13/12/2018 10:30  Atualizado: 13/12/2018 10:30
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 Re: Radiografias do Destino
Há no poema uma ténue mas indelével marca de ironia, todo ele repassado de um constante pessimismo.
Na realidade, a vida decorre num cenário quase sempre cinzento com esparsos momentos de felicidade.
Penso que exprimiu de forma real a tendência da vida humana. A cada um caberá buscar a força para avançar e encontrar momentos mais aprazíveis.

Juvenal Nunes