Imperfeita é a mão marginal dos dedos que trago, onde a pena mais não é, que um final doído e doido da “menina especial” que um dia fui na tua, enlaçada nas letras, enlaçada nas prosas…
Imperfeito é aquele verso vertido no vale consciente da partida, por tão parcos caminhos de tão parca vida, por tão banal despedida encetada e antecipada pelos passos cansados…
Imperfeito é o choro, que chorando me chama para a velha chama de brasas ardidas, de cinzas derretidas, murmurando a nossa música, achada no crepitar da chuva que ouço nas vidraças de algum lugar…
Imperfeito é o pó que apodrece aos poucos os poros dos sonhos medonhos, sem sequer ver os pirilampos a brilhar na pobreza da lua, sem parcimónia, na penumbra crua, do quarto escuro de minha alma…
Imperfeito é o que sinto na solidão do soneto, na saudade secreta do terceto, ou no sonoro som da seta inquieta da prosa silenciosa que se assemelha à centelha vinda do teu sabedor saber…
Imperfeito é este esquecimento constante, que me aprisiona e dilacera o semblante, num ínfimo instante, num fino fio de fuligem cobrindo o rosto de negro sem luz, numa vertigem vã…fluindo para este papel. Imperfeita…sou eu!