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O primeiro caderno vermelho - o livro francês - 7 a 8

 
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A musica do arraial. Os amigos de Sara no quarto de Larissa vendo um filme enquanto ele prepara a pipoca no fogão. terminamos a tampa - Seu Nezinho a pintou e eu estava na Praça Sete Palmeiras ouvindo a Banda da Guarda Municipal tocando uns dobrados, esperando a visita do ilustre Prefeito 'le maire' que pareceu com seu aparato todo ou seja cercado pelos seus cupinchas.
- As duas irmãzinhas sentadas comportadamente no sofá, como uns bons anjinhos - O tambor de Crioula ecoa no imenso espaço aberto do arraial. Lendo o livro em francês de Mignon G. Eberhart - "Les Roses Meurent Aussi" - Ela é escritora americana de suspense - estou gostando da historia muito bem tecida. Comecei a lê-lo as quatro da tarde quando acordei da sesta. Não bebi - continuei até as seis ou melhor as sete quando banhei-me, vesti o bermudão e uma camiseta azul e fui para a oficina. Dei um bom tempo no Seu Cardoso, botando conversa fora, amenidades sem pé nem cabeça - as nove depois que as meninas do restaurante fecharam e Sequinho foi comprar um cigarro para queimar duas cabeças de 'crack' - Seu Cardoso olhou para o relógio da parede.
- Tá na hora - disse-me.
- Vamos embora - coloquei a cadeira que estava sentado na quitanda. Frank Puro também. Segui para a oficina fumar 'unzinho'
jantei uma gororoba de nissin niojo com uns pedaços de fígado.

8

Ontem bebi um pouco, embriaguei-me, mas estou legal sem ressaca - na espera de uma encomenda. A sombra dos prédios baixos ainda encobre a rua toda até a metade do muro de Seu Bastos. Fumei 'unzinho'. Seu Nezinho chegou de fininho. Meu vizinho Seu Biné pediu-lhe para comprar um maço de cigarro no Helio barbudo e ele foi sem pestanejar. As pessoas passam com seus filhos para leva-los a escola. Esperando um cliente, genro da cunhada de Joãozinho Mecânico - ela esta doente. Uma fomizinha chata. Acho que vou fazer uma grelha para o mestre Clovis - il est maçon, il demeure dans la rue 19 - j'aime d'ecrire - soit en français comme portugais - Meu ajudante Seu Nezinho chega da sua missão. Problema com a energia eletrica que não dar carga, deve ser no poste - amanhã vou soldar na oficina de Karrinho no Bairro do Portinho. Tarde fechado e chilado no fundo da oficina. O rapaz veio trazer o dinheiro, a energia continua, comprei um interruptor e a Cemar, a conta do mês passado - Peguei a segunda via no Shopping do Cidadão na Praia Grande - atulhado de gente nas longas filas, sentados nos grandes bancos. Fui atendido rapidamente. Passei no Odilo para ver as novidades da tela. No canto da rua Portugal com o Beco Catarina Nina emoldurado por uma explendida porta colonial concentrado no seu afazer, a alegria de vê-lo compenetrado diante de seu clássico tear milenar, os mesmos que os incas usavam para tecer. Lá estava o tecelão tecendo a sua arte, fio de algodão, um por um - dezenas delas num emaranhado que somente ele sabe desvendar - o meu amigo, l'homme des chats como Dona Van o chamava - Solano, morador antigo da rua da Saúde, fomos vizinhos nos anos 90, quando comecei a segunda vida conjugal da minha existência - la madre de mi amado hijo - Solano ou Sotero, a mesma idade, somos coroas cinquentões muito loucos. Trabalha tecendo, assim como eu teço os ferros de acordo com as necessidades. Almocei uma boa bisteca de porco, promoção de cinco reais no Restaurante das Meninas no canto de Seu cardozo. O céu nublado, prometendo chuva, comprei os ferros as duas e pouco na Ferronorte da Areinha, fui numa lotação, desci no retorno do Lago Bacanga e seguir a pé pela Avenida dos Africanos. estou nu e cansado, bocejo com sono, não dormi a tarde e o sono que me roubar - Noite - Chego da oficina, depois de dar um tempo na Praça do Viva conversando com a rapaziada. O odor forte de urina de gato e de cachorro. terminei de ler o romance da escritora americana Mignon Eberhart - "les roses meurent aussi"(as rosas também morrem) - retorno a leitura do romance em francês do escritor Jacques Borel "l'Adoration"

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/06/2016 02:20  Atualizado: 13/06/2016 02:20
 Re: O primeiro caderno vermelho - o livro francês - 7 a 8
Interessante a ideia sugerida, mas achei um tanto quanto confuso.