Contos : 

NOIVO SEM VICIO

 
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Depois da cerimônia e da festança finalmente consegui chegar em casa. Parado na porta lembrei da recomendação da minha mãe, ela disse, Filho, não esqueça de entrar carregando a noiva no colo. Faz parte da tradição. Olhei para a formosura da noiva ainda imaculada e confesso que quase desisti da idéia. Não posso disser que ela era gorda. Era só um pouco acima do peso, só um pouquinho.... respirei fundo e com grande esforço, carreguei a noiva nos braços e entrei na casa nova.
A noite prometia ser das melhores. Eu já estava cheio de idéias, só pensava nela e no que escondia embaixo daquele longo vestido. Assim que chegamos fui logo preparar uma bebida. Depois coloquei uma música para criar um clima aconchegante. Então resolvi partir logo para o ataque. Já fui tirando o casaco e a camisa e quando ia tirar a calça, ela pediu para ir ao banheiro, dizendo que retornaria logo com uma agradável surpresa. Eu achei aquela atitude dela bem natural. Já tinha visto esta cena nos filmes e novelas, a mulher vai ao banheiro e logo retorna com uma roupa provocante para o deleite do homem que a espera. Não deu outra, imediatamente comecei a imaginar coisas. Deixei apenas a luz tênue do abajur iluminando o quarto. Pode parecer arrogância minha, mas eu não estava nervoso. Tudo estava transcorrendo conforme havia planejado, nada poderia dar errado, afinal eu era o dono da situação. Então ela pediu para que eu aumentasse o som e que me preparasse para ter uma surpresa.
De repente, antes que eu pudesse esboçar qualquer reação para impedi-la, ela surgiu nua na minha frente. O copo quase caiu da minha mão. Ela estava ali na minha frente totalmente nua, pronta para o uso, como diria um amigo meu. Então me lembrei das sabias palavras de meu pai: filho não deixe a mulher tomar a iniciativa em nada, se não elas vão querer te dominar desde cedo. Aquilo não era uma dominação, era um espetáculo a parte, eu era o publico alvo. Mas acontece que eu era um homem de princípios e cheio de manias. Portanto, eu quem deveria tomar a iniciativa, ou seja, era eu quem deveria tirar as suas roupas, não era função dela se precipitar e sabotar o meu desejo. Comecei a ficar preocupado com aquela primeira atitude de liberdade dela.
Realmente não era para ser assim. Não era mesmo. Talvez ela fosse do tipo liberal, e quisesse facilitar as coisas ficando nua daquele jeito, e que talvez não desse a mínima para o pudor. E sem perceber a conseqüência que seu ato havia produzido, sorria maliciosamente. Eu confesso que não sabia o que fazer. Tinha na verdade duas alternativas: prosseguir com ela nua e ignorar a etapa perdida, ou então, em último caso, pedir para que tornasse a se vestir, para que eu pudesse dar seguimento ao ritual sagrado de um casamento.
Enquanto pensava numa solução, ela se aproximou e antes que eu pudesse esboçar reação, fui completamente dominado e seduzido. Foi impossível resistir a sua investida. Beijei seus lábios carnudos e vermelhos, beijei mão, beijei pé, beijei pescoço e outras partes que não posso revelar por tratar-se de área privada a nubentes, mas posso salientar que tudo o que me foi ensinado, foi devidamente utilizado e muito bem introduzido.
Depois do ato consumado, com um cigarro entre meus dedos, e olhando o corpo nu ao meu lado, percebi que pular algumas etapas não era uma coisa assim tão terrível.
Então, antes que ela saísse da cama, sussurrei no seu ouvido que tinha um desejo. Ela sorriu e foi ao banheiro vestir-se. A noite ainda era uma criança.


 
Autor
Adão Jorge dos santo
 
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