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VER-OS-GOSTOS

 
Tags:  SONETOS 2005  
 
VER-OS-GOSTOS

Quisera ao ver teus gostos perfeitos
Que te tornasses para mim um vício,
— Visto que excelentíssimo artifício —
A ponto de jamais te ver defeitos.

Ver-os-gostos de quem nos afeitos,
Como os amores sempre são no início.
Após, porém, apague-se resquício:
Partamos sem rancores ou despeitos.

A Beleza tem o prazer por promessa,
Mas não mais que esse gozo prometido
Temos a nos dar qual temos vivido.

Aproveitemo-lo, pois, a toda pressa!
Antes que passe o ardor dos desvarios
Ou que em teus gostos tenha os olhos frios...

Belo Horizonte – 29 09 2005


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
MaryFioratti
Publicado: 25/10/2016 10:18  Atualizado: 25/10/2016 10:18
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 Re: VER-OS-GOSTOS
Ricardo,

Achei interessante esse soneto. Ele retrata vivamente o medo de que a adrenalina diminua e comecemos a ver tudo com os olhos nus no desencanto.
E o amor eh assim, esse amor que eu conheco. Ele vem, e vai em fases diversas. Umas mais distantes, outras mais chegadas, como se subissemos uma montanha e de vez em quando desse aquela falta de ar, e a gente desse aquela profunda respirada....
Ate o amor precisa de oxigenio, e constante. Entao, quando ha aquela respirada profunda, eh a hora de inventar, criar, e fazer acontecer.
Quando os olhos ficam frios, eh preciso esquentar o coracao com lembrancas, e reaviva-las.

Muito lindo!

Abracos.

*Mary Fioratti*