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Confissões de um aprendiz de escriba - III

 


III

Era o ultimo sábado de outubro, na véspera da eleição do segundo turno para prefeito aqui. O dedo indicador amanheceu um pouquinho inchado, o estômago devido as duas Fluoxetinas@ arreliado. Para combate-lo bebo um chá caseiro que minha cunhada sempre prepara para o esposo e seus animais quando estão doentes. Suspendi com dificuldade a pesada porta de rolo da oficina. Ainda não comecei as correções no texto datilografado do "Pequeno caderno Azul", a velha depressão pós parto e lógico também a preguiça,a desilusão e o desanimo.

La soir dans la Maison Bambe

As mesmas conversas de sempre. Nervoso esqueci a caneta na oficina quando Dona Helena do portão apareceu e pediu-me para ir apanha-lo e refazer toda a pintura. O triste fim de Barbosa, um dos personagens centrais do romance "A Carne" de Julio Ribeiro - abandonado pela amada resolve suicidar-se. A bela Lenita, gravida sem opção foge da fazenda para casar com um doutor qualquer. Cenas interessantes como a descrição dele da viagem que fez a Santos de Trem ou dela sobre a então pequena São Paulo e suas mudanças, as novas intervenções urbanas. Inicio a leitura de "Luzia Homem" do escritor cearense Domingo Olimpo, na construção da Penitenciaria de Sobral pelos retirantes expulso da seca, parece-me que é o percursor desse tema na literatura nacional.

Uma noite tépida, sem muito mosquito abusado e movimentada pelas carreatas dos candidatos a prefeito a caça dos votos dos indecisos. O som alto do vizinho lá de baixo e as musicas dos candidatos. Minha cunhada um pouco alta de vinho debruça-se na mureta para melhor observar o movimento na avenida

- "Olá Seu Raimundo! - Saúda-me baixinho Jean neto de Seu Vasco Lelacher, onde o meu filhote almoça e janta e passa o dia.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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