Poemas : 

VERTIDOS

 
Como o frio e o calor, há palavras devem voltar. Porque que a lírica serve-se com o doce da pimenta...

Entra. Fecha a porta.
Não, deixa-a entreaberta
para que a brisa nos espreite e sopre.
Será preciso!...
Molha-me a boca
seca-me o ácido dos dias sem ti.
Enlaça-me, chama à tua a minha pele
cessa os meus momentos mornos
de invernos impiedosos.
Pára. Não desabotoes a seda que me cobre o peito;
rasga-a em tiras desalinhadas
quero-me como farrapo em teu corpo.
Abraça-me, suga-me, ferve-me
salga-me o corpo no teu transpirar.
Arrasta-te à parede e volta-te para ela
quero partir contigo as fronteiras do desejo…
Levanta os braços, abre as mãos em palmas
e mancha de água a parede envergonhada.
Seguro-te e arrepias
solto-te os seios acesos
pego-te os pulsos e sinto o sangue a arder!
Rasgo-te, como rasgado estou de mim...
Afasto-te as coxas, vergo-te e beijo-te a nuca.
Sinto os pés no chão vertido.
Vou para ti desnorteado, endoidecido…
e não quero saber, sequer
se a porta se abriu completamente
ou se fechou.



João Luís Dias



 
Autor
jluis
Autor
 
Texto
Data
Leituras
529
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
0
2
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.