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No Prédio

 
No Prédio
 
Nós morávamos no sexto apartamento, e meu pai estava doente. Eramos eu, minha irmã mais velha e ele juntos. Ele estava precisando urgentemente de ir para o hospital, e por má sorte nossa, algo ocorreu que a energia foi interrompida. Tudo estava escuro, a única iluminação que restava, por algum motivo, era as luzes dos corredores. Eu deixei minha irmã cuidando do meu pai e sai do apartamento. Os corredores estavam vazios, não havia nenhum ruído,
parecia que nós éramos os únicos inquilinos. O meu destino era o apartamento da sindica, que estava no quarto andar do prédio. Guiado pelas luzes dos corredores, eu alcancei a escada para o quinto andar, e, descendo ela eu comecei a escutar uns barulhos,
"Alguém deve ter finalmente saído para ver o que está acontecendo" -pensei eu. Alarme falso, eu ainda estava sozinho. Eis que eu cheguei num apartamento com a porta aberta,
era o 677. Eu entrei para ver se encontrava os moradores dele.

Havia um cômodo que possuía luz, " -Um gerador de emergência talvez?", e assim que entrei lá me deparei com uma cena constrangedora. Um rapaz estava apenas de bermuda, sentado sobre a cama, e ao lado dele uma jovem, morena, semi nua, deitada. Assim que eu entrei no quarto, o rapaz disse alguma coisa olhando pra mim, que eu mesmo não consegui entender, e a jovem, de cabelos longos, levantou e, de costas virou seu rosto para mim. Ela ficou ali, em cima da cama me encarando, enquanto o sujeito apenas olhava para mim, assim como ela. De repente ela se levantou com uma ferocidade, e correu em minha direção, um grito aterrorizante foi reproduzido por ela, com as unhas grandes, e os seios sendo jogados de um lado para o outro. Ela parecia uma canibal, então eu saí as pressas do quarto e fechei a porta do apartamento. Não escutei mais nada. Eu estava arrepiado, mas tinha que encontrar a escada que me levaria para o andar inferior. Então continuei.

Um pouco antes de chegar na escada, eu novamente encontrei um apartamento com a porta aberta, e apenas um quarto com as luzes acessas. Eu pensei em entrar para avisar sobre o que estava acontecendo, sobre a garota aterrorizante que estava em um dos apartamentos, e entrei. Déjà vu, encontrei no quarto o mesmo casal, a mesma garota. O cara olhou para mim, disse algo, e ela se virou e correu em minha direção aos gritos. Tranquei novamente a porta. Eu estava com medo, sim, medo, e minha respiração estava ofegante. Eu comecei a escutar os ruídos novamente, e agora conseguia identificá-los, passos, eram passos de alguém... mas quem? Eu não estava sozinho esse tempo todo?

Eu encontrei o apartamento da síndica, estava vazio, por sorte não havia um casal em um dos quartos. A chave para o elevador de emergência, que possuía energia particular estava na mesa.
Saí de lá apressado, a vida do meu pai estava em risco. Eu consegui chegar até o elevador. Tinha que ir até a portaria para telefonar para o hospital, para eles trazerem uma ambulância, pois meu pai não estava em condições de se movimentar. As luzes da rua invadiam a porta principal do prédio, eu estava aliviado, e caminhei em direção à elas. Foi quando escutei novamente os ruídos, os passos, e, depois do encontro que tive com aquele casal misterioso eu resolvi me esconder e ver quem era o dono dos passos. Um sujeito enorme apareceu entrando no prédio, parecia um enorme palhaço, sabe, aqueles que dá pra ter medo?
Ele estava indo em direção à mim, ou melhor, em direção ao corredor que levava ao elevador, pois a escadaria estava interditada, muitos móveis foram postos para bloquear, e naquele momento eu soube o motivo.

O monstruoso palhaço foi em minha direção, com passos pequenos e despreocupados. Eu notei, ele possuía um saco em seu ombro, daqueles que conseguiria guardar um corpo de alguém, e ele estava sendo ocupado, talvez realmente tivesse um corpo? Meu Deus.
Eu tentei ao máximo não fazer barulho, eu estava me escondendo perto do balcão da portaria do prédio. Mas, minha respiração ofegante me denunciou, ele se virou
em minha direção... Se eu tivesse conseguido manter a calma... Se não tivesse tão paralisado pelo medo... Eu não estaria aqui agora, sentado nesta cama junto com a minha irmã...
Se alguém conseguir nos encontrar, vou falar pra minha irmã correr e pedir ajuda...
Nos ajudem...

 
Autor
AteopPensador
 
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