Poemas : 

verbo amar

 










no entardecer

a cor do céu atrai-nos

para a enseada

onde os corpos

aprendem o embalo

do mar


no levitar das ondas

voga a fina renda de espuma

onde os corpos em amplexo

escrevem o verbo amar











Zita Viegas















 
Autor
atizviegas68
 
Texto
Data
Leituras
758
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
21 pontos
1
2
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 02/02/2017 18:18  Atualizado: 02/02/2017 18:18
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: verbo amar
O céu do entardecer atrai os corpos para a enseada. Aí, o “embalo” das ondas une-se ao “levitar” e, em simbiose com a Natureza, fala-se num verbo primitivo - onde a voragem se expressa com a mesma eloquência com que a onda expressa o seu embate nas rochas através da espuma.
Entrelaçados, os corpos fundirão os tons quentes do entardecer com o solo que pisam, adquirindo novos e aprimorados/aguçados olhares – aguçando, também, o olhar do leitor: será a “fina renda de espuma” a própria espuma da onda, com sua malha desenhada e branca, ou será a “fina renda de espuma” a roupa que se lança à água (e se une às ondas, confundindo-se com a espuma), para que se conceda o verbo?
Gosto da ambiguidade das imagens, dando espaço ao leitor para as interpretar e deambular.
Destaco a prodigiosa sonoridade do verso “voga a fina renda de espuma” (parece música...)

Bjo