Corro rápido e ligeiro
para me proteger de todas as pedras
atiradas quase certeiras, por gente...
não, talvez... por gente
que gente talvez não seja
pois não se mostra clemente
mesmo em lugar de pelourinho.
Se se me atravessam no caminho,
curvo para outro lado
e volto a correr sem me deter.
As pedras passam perto...
muito perto...
mas passam.
Nenhuma me atingiu ainda, por certo...
Não sangro...
E sigo a correr.
Se parar, morro
e isso só me acontece quando quiser.
Lá passa outra perto da orelha...
senti-lhe o sopro, era cónico.
Esta era velha,
da calçada que piso todos os dias.
Por vezes canso-me de correr
e sigo só a andar
mas prefiro não parar
porque a companhia não me agrada
e com essa, arrisco-me a uma pedrada.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.