Poemas : 

BALADA ODONTOLÓGICA

 
"Dentaduras duplas:
dai-me enfim a calma
que Bilac não teve
para envelhecer."

- Carlos Drummond de Andrade -


não era lua nova
tão pouco minguante
não era lua cheia
e nem quarto-crescente
era uma lua louca
era uma lua insana
em cara porcelana
no céu da minha boca

voltei d'anestesia
acordei num rompante
e senti de repente
minh'arcada vazia
não tinha um só dente
motivo: - foi implante

implante? não - implantes
pois dente de verdade
nem sequer sobrou um só
não houve piedade
meu colar de pérolas
foi todo para o lixo
sem o mínimo de dó

doía-me a testa
em brasa estava o crânio
minhas gengivas eram
um jardim de titânio

o que dantes foi dente
agora é elemento
doendo no orçamento
e eu que me achava
ainda ser tão moço
senti o peso da idade
pesando no meu bolso

na parte superior
havia osso fraco
taxativo o doutor
foi logo me dizendo
- osso fortalece
mas inda leva meses
é coisa que acontece
agüenta que tem cura
não há razão pra tanto
o jeito por enquanto
é esta dentadura

_______________

júlio, 16-04-08


Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/04/2008 12:21  Atualizado: 18/04/2008 12:21
 Re: BALADA ODONTOLÓGICA
Meu amiguirmão
Teu poema é preciso
Perdestes os cisos
Mas não o juízo
Esperes com calma
P'rum belo SORRISO.

Beijão. Saúde pra ti.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/04/2008 16:42  Atualizado: 18/04/2008 16:44
 Re: BALADA ODONTOLÓGICA
rs...tá doendo em mim essa sua balada(ou seria uma cruzada?)...rs

eu tenho até meus 4 sisos, nunca passei por uma extração dentária, apenas os dentes de leites cairam....e fico aqui pensando como deve ser essa sensação dolorosa que vc muito bem descreveu em versos.

Que experiência vc viveu heim poeta!!?