Poemas : 

INFÂNCIA

 
Agenor comera um dia
Na casa de sua tia
O bolinho de feijão mais gostoso da vida.
Mas um dia entristecera
Pois a tia falecera.
E nunca mais ele, então, teve a coisa preferida.

Desde o dia do velório
Em tudo que era empório,
Agenor procurava.
Embrenhava-se nas feiras,
Visitava salgadeiras,
Mas coisa igual não achava.

E foi assim pelos anos,
Provando muitos enganos,
Procurando com labor.
Perguntava-se sozinho:
Será que haverá bolinho
Que tenha aquele sabor?

E não achava respostas;
Esperanças já remotas
Iam-lhe pela alma.
Mas era um homem tenaz,
Sabia-se mesmo capaz;
Continuava com calma.

Quando em alta idade ia
Vendo uma fotografia
Dos tempos dele menino;
Achegou-se da janela
De sua casa amarela
O Zé Cocota, sorrindo.


_ Vai bolinho Seu Agenor?
Bradou-lhe o vendedor,
Vindo de longa distância;
Justamente naquele dia
Descobriu que o bolinho da tia
Tinha era gosto de infância.



Frederico Salvo.



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FredericoSalvo
 
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Enviado por Tópico
Fhatima
Publicado: 10/05/2008 22:21  Atualizado: 10/05/2008 22:21
Membro de honra
Usuário desde: 12/02/2008
Localidade: Joinville - SC
Mensagens: 3336
 Re: INFÂNCIA
Olá Poeta!
Tua poesia tem gosto de saudade, bolo e expressivo.
Parabéns.
Fhatima (Regina)


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/05/2008 23:24  Atualizado: 10/05/2008 23:24
 Re: INFÂNCIA
A terna saudade da infãncia transposta com talento para poesia. parabéns.Abraço


Enviado por Tópico
ângelaLugo
Publicado: 11/05/2008 20:13  Atualizado: 11/05/2008 20:13
Colaborador
Usuário desde: 04/09/2006
Localidade: São Paulo - Brasil
Mensagens: 14852
 Re: INFÂNCIA p/ FredericoSalvo
Querido poeta

Infância... Tempo vivido nunca esquecido
mesmo que seja na saudade de um bolinho
jamais esqueceremos aquele tempo que
infelizmente não volta mais nem mesmo
o sabor do bolinho, pois ficou lá trás
Adorei este poema


Beijo no coração