Textos -> Crítica : 

Não ao ruído urbano!

 
Onde está o belo chilrear da passarada?

E as alegres risadas da canalhada
brincando às escondidas na calçada?

Onde pára o cântico da varina pela manhã descendo a calçada
de cesto na cabeça cheio de sardinha, fanecas e pescada.

E som do pífaro do guarda-soleiros que os guarda chuvas consertava
até as facas e tesouras ele sabiamente afiava.

E os gritos das vizinhas que discutiam por tudo e por nada
envolvendo-se em disputas que acabavam sempre ao soco

[e á chapada.]

Pouco a pouco tudo isto foi infelizmente desaparecendo.
Uma vezes pelo ruído ensurdecedor do martelo pneumático
hoje abrindo rasgos para o saneamento, amanhã para o gás canalizado.

Outras vezes é som das sirenes da bófia, perseguindo mais um cadastrado
que quiçá, tentou levantar dinheiro num banco, de carapuço enfiado.

Isto para não falar no som das discotecas ambulantes pois então
tocando sempre aquele ritmo musical ou seja: panado com pão

[panado com pão]
E assim sucessivamente…

São com este e outros ruídos que no nosso dia-a-dia
que em nome do progresso, vamos sacrificando a nossa já debilitada alegria.

Basta de tanto e poluidor ruído urbano na minha calçada!
pois a minha cabeça está cada vez mais está a ficar desconcertada.

Por favor devolvam-me já os sons da minha infância sossegada.
Quero urgentemente tornar a ouvir o belo chilrear da passarada
e as alegres risadas da canalhada…






apollo_onze

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apollo 11
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1919
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