O PLÁGIO DE SARAMAGO...OU NÃO

Talvez Lobo Antunes o faça por timidez. Não quero, por favor, que me compreendam mal sobre o assunto Saramago. Não o atacaria nunca, até porque, como disse, quando ele veio ao Brasil, foi de extrema gentileza comigo, só tentei defender Manuel da Fonseca, um autor português brilhante, quer como romancista ou poeta, que não teve o real reconhecimento. Saramago,após o Nobel, foi até grosseiro com Portugal em algumas declarações. Afora o Memorial do Convento, livro brilhante, sua obra deixa a desejar. E o comentário sobre A Jangada de Pedra foi dele mesmo, que disse a mim que não conseguia ler o romance. Quanto a poesia, a exemplo do que disse de Machado de Assis, aqui no Brasil, de fato não é boa. Da mesma maneira que a prosa de Drummond está longe do que ele foi em verso. Mas nada ofensivo.

abraço forte,

Júlio

Amigo Kam,

Não quis nem suscitar polêmica. Até por que quem sou eu para falar de Saramago? Como disse, tive a honra de entrevistá-lo aqui no Brasil. Foi gentilíssimo comigo. Só ousei levantar a questão para defender Manuel da Fonseca, que nem sei se ainda vive - já era idoso pela foto que vi no livro. Mas a história que ele publicou anteriormente é idêntica à de Saramago. Críticos às vezes não têm a coragem de dizer, porque um tem mais nome do que o outro. E você bem sabe que marcketing funciona. Quanto a poesia dele, Saramago, de fato, é fraca, tanto que não publicou mais. E as honras de certos prêmios, excluindo o dinheiro, que é bom e bem vindo, nem sempre são honestas. No caso do Memorial do Convento, ele, sem dúvida, mereceu. O livro é lindo. Mas o conjunto da obra deixa a desejar. A referência sobre A Jangada de Pedra ser um lixo foi do próprio Saramago, na entrevista que me concedeu. Textualmente, ele me declarou que não conseguia ler lo livro, por achá-lo rui demais, no que concordo. Abraço, irmão. E beijo na nossa querida Cláudia.

Júlio

TEM TODA RAZÃO AMIGA JULIO, O MERCADO É FEITO ASSIM E POUCOS SE ATREVEM CRITICAR. EU COMO VIVO CÁ BEM LONGE DO JARDIM, PORTUGAL, POUCO SEI DO SARAMAGO, O MEMORIAL DO CONVENTO ATÉ LI, NÃO DESGOSTEI, DE RESTO NADA MAIS LI DO SARAMAGO E DESCONHEÇO TAMBÉM O MANUEL DA FONSECA.

PARA LHE SER VERDADEIRO LHE DIREI QUE AQUI EM MACAU ONDE VIVO FAZ MEIO SÉCULO A MERDA É MESMA QUE ME PORTUGAL SÓ OS ENGRAXADORES SE SAFAVAM QUANDO ERA O GOVERNO PORTUGUES AGORA CONTINUAM OS PORTUGAS, QUE EU CHAMO DE PARAQUEDISTAS, A MAMAR DA MESMA FONTE. OS QUE VIVEM NA DIÁSPORA SÃO ESQUECIDOS, HOJE DIA DE CAMÕES DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES UMA VEZ MAIS SE ESQUECRAM DE MIM E DE MINHA FAMILIA.
ENFIM!.... CAMÕES MESMO RSRSRSR

Querida Poeta Vony,

Se você pegar o livro Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, verá que a história é a mesma. As personagens têm características iguais, só mudam os nomes. Não posso acusar Saramago, que publicou Levantado do Chão, bem depois, pela mesma editora. E que, aliás, foi extremamente delicado na entrevista que me concedeu, quando veio ao Brasil. Nem acredito que o tenha feito de propósito. Só levantei a questão para dizer que acusar uma infeliz, desconhecida, e que descaradamente copiou, ou melhor, roubou uma escritora, é fácil. Difícil é mexer com medalhões, que também dão lá os seus tropeços. Claro, quem denunciou a escritora ou escritor, sei lá, merece todo o meu respeito pela coragem. Plágio é crime. Só quis dizer que os grandes também tropeçam. Quando me refiro ao lixo de A Jangada de Pedra, quero justificar que me foi dito pelo próprio Saramago. E a poesia dele, a exemplo do brasileiro Machado de Assis, grande prosador, deixou muito a desejar. Tanto que ele não publicou mais em versos. Sabe, Vony, a função de crítico literário que exerci, durante quinze anos, procurei fazê-la da forma mais honesta. Muitas vezes, comprei livros do meu próprio bolso. Sei de críticos que bajulam amigos ou massacram desafetos, quando não escrevem sem sequer ler a obra, baseando-se na orelha do livro. Isto nunca fiz. Interrompi a tarefa quando comecei a publicar os meus, por achar não ético comentar um colega de ofício.

obrigado pelo seu comentário.

afeto,

júlio

As vértebras estão péssimas, Carol, à base de anti-inflamatórios, terríveis ao estômago, de quem tem o fígado tão maculado pelo álcool e pelo fumo. Quanto a Saramago, juro que jamais o magoaria - quem sou eu, Carol? Só quis defender Manuel da Fonseca, que mal sei se ainda vive, mas pegue o livro dele e veja que a história é idêntica. Não quero crer que Saramago tenha feito por mal, mas a coincidência é grande. Veja e me dará razão.

Gosto muito de você e dos seus escritos,

todo afeto,

todo respeito,

Júlio

Jangada Pedra nem ele gosta, disse-me isto na entrevista que me concedeu no Brasil. Memorial do Convento é uma obra-prima. O Ensaio Sobre Cegueira não é maior que o Memorial. Mas se você ler Levantado do Chão verá que há muita semelhança com Seara de Vento. Nem quero crer que tenha havido má intenção, mas, infelizmente, na história, só mudam os nomes das personagens. Quanto a obra poética dele, é muito ruim, a exemplo de Machado de Assis era pésssimo em verso,como Drummond em prosa. Tanto que ele, Saramago, nunca mais se arriscou a poetar. Acho que Companhia das Letras, que o publica no Brasil, editou a poesia dele. Leia e me conte depois.

abraço, irmão,

beijo no chão da bahia.

e à bênção à minha mãe Oxum e a meu pai Xangô.

O acarajé de São Paulo é péssimo.

Ando louco pra baixar por aí.

júlio

Bem, esse tal "plágio" de Saramago é assunto novo para mim, do qual nunca ouvi falar. Tenho cá minhas dúvidas se isto é verdadeiro ou não. Mas, acredito que os críticos literários do mundo inteiro não deixariam o caso passar em branco, se fosse verdade. Acredito mais, em princípio, que esse obscuro "crítico literário", que assina esta denúncia, estaria apenas tentando se promover às custas de um escritor consagrado. Enfim, é viver para crer... Saludos. Maria José Limeira.

Bem, e quanto aos poemas de Saramago serem "bons", ou "ruins", eis aqui o exemplo a ser analisado. O texto está inserido na terceira edição (eu disse terceira edição) do livro dele. Levemos em consideração que o europeu é um povo letrado, não é um povo analfabeto como o povo brasileiro, do qual a estatística já comprovou que quando lê, não entende. Um abraço & Saludos. Maria José Limeira.

POEMA PARA LUÍS DE CAMÕES
José Saramago

Meu amigo, meu espanto, meu convívio,
Quem pudera dizer-te estas grandezas,
Que eu não falo do mar, e o céu é nada
Se nos olhos me cabe.
A terra basta onde o caminho pára,
Na figura do corpo está a escala do mundo.
Olho cansado as mãos, o meu trabalho,
E sei, se tanto um homem sabe,
As veredas mais fundas da palavra
E do espaço maior que, por trás dela,
São as terras da alma.
E também sei da luz e da memória,
Das correntes do sangue o desafio
Por cima da fronteira e da diferença.
E a ardência das pedras, a dura combustão
Dos corpos percutidos como sílex,
E as grutas do pavor, onde as sombras
De peixes irreais entram as portas
Da última razão, que se esconde
Sob a névoa confusa do discurso.
E depois o silêncio, e a gravidade
Das estátuas jazentes, repousando,
Não mortas, não geladas, devolvidas
À vida inesperada, descoberta,
E depois, verticais, as labaredas
Ateadas nas frontes como espadas,
E os corpos levantados, as mãos presas,
E o instante dos olhos que se fundem
Na lágrima comum. Assim o caos
Devagar se ordenou entre as estrelas.

Eram estas as grandezas que dizia
Ou diria o meu espanto, se dizê-las
Já não fosse este canto.

(Do livro “Provavelmente alegria”, Editorial Caminho, Lisboa, 1985, 3ª edição).

http://www.secrel.com.br/jpoesia/1saramago2.html

Prezada Senhora,

Se assim posso chamá-la. Seu parco conhecimento da literatura não me permite ser grosseiro, ainda mais com uma mulher, que não conheço de escrita e ainda se atrave a publicar versos que não são seus. Em nenhum momento, em 32 anos de jornalismo profissional - e honestos - faltei com a dignidade com Saramago, a quem a senhora, por ser tiete, nem chegou a vê-lo de perto. Eu o entrevistei. Publiquei oito livros. E a senhora o que fez em literatura? Não quero apelar, para não lhe ferir a dignidade, se é que a tem. Leia antes de falar asneiras. Ou asnices.Analfabeto é puta que a pariu. Se é que tem noção de quem é isso. Defendi,por conhecimento, um escritor português. Tenho, talvez, o conhecimento que a senhora não tenha. Ofender a meu país que deu ao mundo poetas como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Vinícius de Moares e Ferreira Guullar, além de Hilda Hilst e outras, vá para o inferno. Patriotada de merda!

júlio

Senhor Júlio. Obrigada pela "delicadeza". Quando V.S encontrar o Saramago por aí, diga-lhe que sou macaca de auditório dele. Um abraço & boa sorte. Saludos. Maria José Limeira.

Continue, senhora, a aplaudi-lo. Nunca o neguei pelo Memorial do Convento. Só tentei, como crítico honesto,dizer ao meu país. Não me obrigue obrigue a falar que sou, queira ou não, um dos autores mais lidos aí. Neto, com muita honra de portugueses imigrantes e pobres. Respeite o meu país, antes de qualquer paixão.

afeto.

júlio

PS: sobre possíveis atrações sexuais ao escritor, sou muito bem casado. E é um problema que a senhora deve resolver com ele. Se a senhora, por dotes físicos, souber resolver com ele, faça-o, não sei ele resolve, por questão de idade. Ao que me parece, ele é bem casado com Pillar, a quem dei flores, inclusive.

Nem todos os brasileiros são letrados, como também o não são os portugueses ou os europeus, mas têm uma cultura imensa, de fazer inveja a muitos...E olhe que um NOBEL é uma lotaria...não um merecimento maior...relativamente a outros...

Eu não sabia que ela é brasileira. Mas fui também desrespeitado, Betha, e não costumo agir de tal maneira com uma mulher. Não é meu hábito. Senti-me agredido, quando tentei defender um autor pouco conhecido no Brasil, por um plágio, que agora constatei confirmado. Não se chama o povo brasileiro de iletrado e ignorante. Desculpo-me publicamente a ela, mas isto não vou permitir nunca. E nem quis, nem preciso, aparecer, tenho idade suficiente, para atacar aos outros. O que tinha de conquistar no jornalismo e na literatura no meu estado e no nosso país já conquistei. Não é do meu feitio fazer isto para me promover. Sou uma pessoa simples e honesta. E terei a dignidade de pedir neste espaço desculpas a ela.

leve um beijo,

a você, a seu marido e a seus filhos, não costumo
fazer isto,

júlio

Caro,
Eu fiquei aqui que por sabia que irias me responder.Fui tomada de surpresa por tua atitude e por saber-te homem de bom senso e educado.
Ela citou um dado do IBGE sobre o povo brasileiro que há semanas saiu na imprensa e diz que a maior parte do povo brasileiro apesar de dizer-se alfabetizado, na sua imensa maioria não entende o que lê.
A Maria José é uma conhecida minha.Se ela teve a intenção de te ofender eu não sei.
Contudo, meu respeito por ti só aumentou depois que me respondeste como o homem de bem que és.
Bjins meus, Betha.

Não fiz mais que minha obrigação, Betha. Errei. Tenho obrigação moral de me retratar,

Beijo a você,

Júlio

Ah, e obrigado pelo comentário gentil à minha mulher, que se assina fabiana daud, mas na verdade é adriane.

obrigado mesmo

Que bom que tudo está bem quando termina bem!
Agora vou dormir!
Boa noite pra ti e tua família!
Bjins, Betha.

Obrigada, amiga pela feliz interferência. Obrigada a todos pela colaboração. Saludos. Maria José Limeira.

claro cao,

este texto que escrevi foi objeto de interpretação errada por parte de algumas pessoas. na verdade, faz bem mais de três meses que o publiquei, inclusive com alguns erros de digitação, o que não vem ao caso, uma vez que o escrevi direto na tela. ele acabou indo parar no google, onde permanece até hoje. escrevi o texto a partir de um texto, cujo autor não me lembro agora, aqui publicado e que foi acusado de plágio, dada a semelhança com outro escrito, que também não me lembro. tenho muito respeito por saramago, escritor que cheguei a entrevistar, para a revista Manchete, numa de suas muitas vindas ao brasil. não morro de amores, no entanto, por toda a sua, dele, obra. acho Memorial do Convento um primor. Jangada de Pedra é um lixo - classificado como ruim pelo próprio josé saramago, que várias vezes afirmou que jamais o publicaria. quanto ao alvo da polêmica - peço atenção para o título O Plágio de Saramago ou Não - trata-se do romance Levantado do Chão, creio que o primeiro de saramago publicado no brasil - a edição que tenho éda Difel. há semelhança com o romance Seara de Vento, publicado bem antes (a edição que tenho é da Caminho, onde saramago também publicou seus livros)é clara - tanto no que diz respeito a enredo, situações e personagens. não quero crer que josé saramago tenha perpetrado um plágio no sentido pejorativo da palavra. o que quis dizer, porém, é que se fosse um autor iniciante, certamente não seria poupado da acusação. lembre-se você que eça de queiroz também, na época, foi acusado de ter plagiado émile zola em o Crime do Padre Amaro. o romancista português, no entanto, não sei como, conseguiu provar que sua história fora escrita anteriormente à do autor francês, embora publicada mais tarde. Seara de Vento deve estar no mercado à disposição, assim como Levantado do Chão. basta confrontar. acontece que, para muitos, é fácil atacar os pequenos. frente aos grandes, ditos consagrados, todos se calam. disse também que a poesia de saramago é ruim. e acredito que ele pense o mesmo. tanto que nunca mais se aventurou a escrever em versos, como aliás também o fizeram seus confrades brasileiros machado de assis e jorge amado. ótimos prosadores e poetas sofríveis.
fico grato pela leitura e honestidade no comentário.
abraço fraterno,

j.

acrescentando:
o importante em toda esta questão que levantei foi mostrar que ninguém é tão original como parece ou pretende ser. este pequeno poema de mario quintana acho que resume tudo:

DO EXERCÍCIO DA FILOSOFIA

Como o burrico mourejando à nora,
A mente humana sempre às mesmas voltas dá...
Tolice alguma nos ocorrerá
Que não tenha dito um sábio grego outrora...


quanto a antónio lobo antunes, não gosto de confrontos, creio que há um certo esquema de marketing para colocá-lo em concorrência com saramago. coisa que não acho muito agradável, porque são autores de estilos completamente diferentes. no fundo, no fundo, acredito que eles, os autores, até apreciem esse tipo de polêmica - não deixa de ser mais lenha em suas fogueiras de vaidade. saramago sempre se mostrou falante e receptivo, ao contrário de lobo antunes, que procura adotar uma postura fechada e até antipática, o que não lhe tira os méritos que tem de sobra - ninguém está obrigado a falar e muito menos ser simpático. creio que o nobel não fez muito bem a saramago, excluindo o valor do prêmio, claro. seus livros posteriores ao prêmio parecem-me fabricados, como se o autor obedecesse a uma imposição dos seus editores. isto ocorreu com jorge amado, que não ganhou nenhum nobel. lembro-me de um artigo que escrevi quando o romancista brasileiro, pressionado pela editora publicou um fraquíssimo livro de memórias chamado Navegação de Cabotagem. não perdi a piada e dei ao meu artigo sobre o livro o título - Navegação de Cabotinagem. claro que julgaram-me pretensioso, o que pouco me diz. prefiro ser julgado pretensioso do que desonesto comigo. quanto ao premio nobel... bem, quem não gostaria de ganhar 1 milhão de dólares? mas, a exemplo de outras premiações de renome, não sei quais os critério adotados. sei que ismail kadaré, brilhante romancista albanês, na época em que saramago ganhou esteve também cotado. para mim, o vencedor seria kadaré. mas minha opinião é mais irrelevante do que a metade de um grão de areia. o comentário que correu na época foi este: kadaré não ganhou porque nasceu na albânia e só escreve sobre albânia, um país fechado e considerado insignificante para o resto do mundo. se olharmos ainda a qualidade de alguns autores que receberam a láurea do nobel veremos que não estou de todo errado. a fraquíssima pearl buck também é prêmio nobel. mas há autores que não consideram importante esta menção - sartre e kanut hamsum o recusaram. o primeiro nem se deu ao trabalho de comparecer à cerimônia. já kanut hamsum, autor do primoroso romance Fome, preferiu entregar o cheque ao porteiro do hotel onde se hospedara.

j.

..percebo o poema de Mário Quintana,embora poeta..grande filosofia em suas palavras.
concordo tambem em relaçao ao Saramago versus Antunes..sao distintos sim.minha opiniao é que merecia Antunes e nao Saramago.
sobre J.Amado ..há um livro que sempre me emocionou, um livvr pequenino "capitaes de areia" e digo-lhe isto e estou arrepiado! é das coisas mais sensiveis que já li!
sobre Satre é verdade e confirma-se( Li o Muro (contos),existencialismo ..
creio que alguns nobel foram mal atribuídos,contudo concordo com a notoriedade que se faz sentir em cada um deles..depois sucede-se pressoes bem maiores..entendo assim.


é sempre um prazer dialogar contigo Júlio.

Abraço.