Poemas -> Introspecção : 

LINHA DE CORTE

 


Paulo Gondim

LINHA DE CORTE
Paulo Gondim
16/06/2008

Em meus devaneios, me perco sempre
Viajo por vias tortuosas, longas, infinitas
Deixando um sonho em cada parada
Um desejo ao longo da caminhada
Uma vontade esquecida
Alguns espinhos
Na alma ferida

E aí faço um balanço da vida, um acerto de contas
Alguns ajustes aqui, uns arranjos ali
E pouco sobra, pouco faz sentido
Meu lucro foi todo perdido
Poucos créditos de amor
E do pouco que ficou
Só um débito com a vida

E me vem a cobrança, na figura da idade
Nua, crua, implacável, sem vaidade
Me arresta tudo, do pouco que sobrou
Confisca com esperteza o pouco que sou
E como muita clareza, nada deixou
Até a esperança, também levou

E nessa vil contabilidade, não existe soma
Só se diminui, nada mais se divide
Tudo se encerra nessa linha de corte
Quando tudo definha, pouco se alinha
Ao homem, só resta rezar sua ladainha
Para que se retarde, quem sabe, a morte
 
Autor
Paulo Gondim
 
Texto
Data
Leituras
912
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
3 pontos
3
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Alberto da fonseca
Publicado: 17/06/2008 09:54  Atualizado: 17/06/2008 09:54
Membro de honra
Usuário desde: 01/12/2007
Localidade: Natural de Sacavém,residente em Les Vans sul da Ardéche França
Mensagens: 7071
 Re: LINHA DE CORTE
É a lei inexorável da vida, começa a crescer e quando chega ao pico´e como numa montanha, por é mais dificil de suportar a descida
Lindissimo este poema
Abraço amigo
A. da fonseca

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/06/2008 11:18  Atualizado: 17/06/2008 11:18
 Re: LINHA DE CORTE
UM POEMA COM PERNAS, TRONCO E MEMBROS, UM POEMA FORTEMENTE REDIGIDO ONDE A LINHA DE CORTE BEM PRESENTE FICA, NA VIDA DE CADA UM DE NÓS E QUE O POETA TÃO BELAMENTE SOUBE DESCREVER.

UM ABRAÇO AMIGO

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/06/2008 21:27  Atualizado: 17/06/2008 21:27
 Re: LINHA DE CORTE
Um corte de escalpelo da alma do poeta. Parabéns. Abraço